quarta-feira, 30 de setembro de 2009

fica








"Escrever-te. Possivelmente irei fazê-lo mais vezes até ver se no escrever se me esgota a tua fascinação...E eu sinto-me logo tão infeliz. E digo-te não vás. Fica. Para sempre. Há em mim uma luta entre o desejo de que te esqueça e o de endoidecer contigo."


Vergílio Ferreira

domingo, 27 de setembro de 2009

Passei a vida a fugir para a tua boca






Não é difícil um homem apaixonar-se.
Ferir a sua paisagem,
cinzas de um passado caído, fluente.
Ao fim de vidas partilhadas pode ser que
diga “estremeci
durante anos sem te abraçar.” Agora é tarde.
Agora é tarde sobre a terra cercada.
Por planícies ficou o desespero,
a dor lilás dos homens soçobrados
na paciência nocturna.
Só depois do terror os cães ladram fielmente
aos portais da manhã, só
após o gume das vidas partilhadas.
“Passei a vida a fugir para a tua boca,” e
confundo já o teu rosto
com um qualquer.


sexta-feira, 25 de setembro de 2009

não é sobre a solidão








não é sobre a solidão,

pouco me importa quem me

desviou palavra, é sobre

a tua ausência no lugar

íngreme da minha pele, por isso

cairei implume telhado abaixo

debulhada no coração


valter hugo mãe

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Abro mão da primavera para que continues me olhando












Quero apenas cinco coisas...
Primeiro é o amor sem fim
A segunda é ver o outono
A terceira é o grave inverno
Em quarto lugar o verão
A quinta coisa são teus olhos
Não quero dormir sem teus olhos.
Não quero ser... sem que me olhes.
Abro mão da primavera para que continues me olhando.

Pablo Neruda

sábado, 19 de setembro de 2009

If it changed to another way







Got to write a classic
Got to write it in an attic
Baby, I'm an addict now
An addict for your love
I was a stray boy
And you was my best toy
Found it easy to annoy you
But you were different from the rest
And I loved you all the wrong ways
Now listen to me say
If it changed to another way
Would the difference make it
Would it be a classic
I gotta send it right away


Got to write a classic
Got to write it in an attic
Baby, I'm an addict now
An addict for your love
Gotta write it down and send it right away
Got to write a classic
Got to write it in an attic
Baby, I'm an addict now
An addict for your love


Now I'm living my life
One day at a time
Since losing your love
I've been losing my mind
No more can I see
The future so clear
And it's not what I mean
I mean it's not what it seems
I just keep living for dreams
And it's not what I mean
I mean it's not what it seems
I just keep living for dreams


Got to write a classic
Got to write it in an attic
Babe, I'm an addict now
I'm an addict for your love
Gotta write it down and send it right away

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

old love just go on home







I can feel your body
When I'm lying in bed
There's too much confusion
Going around through my head


And it makes me so angry
To know that the flame still burns
Why can't I get over?
When will I ever learn?


Old love, leave me alone
Old love, go on home


I can see your face
But I know that it's not real
It's just an illusion
Caused by how I used to feel


And it makes me so angry
To know that the flame will always burn
I'll never get over
I know now that I'll never learn

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

digo ainda








«Espreitava em seus olhos uma lágrima,
e em meus lábios uma frase a perdoar;
falou o orgulho, o seu pranto secou,
senti nos lábios essa frase expirar.
Eu vou por um caminho, ela por outro;
mas, ao pensar no amor que nos prendeu,
digo ainda: porque me calei aquele dia?
E ela dirá: porque não chorei eu? »

Gustavo Adolfo Bécquer

crazy

terça-feira, 15 de setembro de 2009

desperdício






«A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade.»
Carlos Drummond de Andrade

o maior azar da vida é não arriscar nada...






«Rir é arriscar-se a parecer louco.
Chorar é arriscar-se a parecer sentimental.
Estender a mão é arriscar-se a se envolver.
Expor seus sentimentos é arriscar-se a expor o seu eu verdadeiro.
Amar é arriscar-se a não ser amado.
Expor suas idéias e sonhos em público é arriscar-se a perder.
Viver é arriscar-se a morrer.
Ter esperança é arriscar-se a sofrer decepção.
Tentar é arriscar-se a falhar.


Mas é preciso correr riscos.
Porque o maior azar da vida é não arriscar nada…
Pessoas que não arriscam, que nada fazem, nada são.
Podem estar evitando o sofrimento e a tristeza.
Mas assim não podem aprender, sentir, crescer, mudar, amar, viver…
Acorrentadas às suas atitudes, são escravas, abrem mão da sua liberdade.
Só a pessoa que arrisca é livre…
Arriscar-se é perder o pé por algum tempo.
Não se arriscar é perder a vida…»

Sören Kierkegaard

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

pára de chorar

Pára de chorar
E dizer que nunca mais vais ser feliz
Não há ninguém a conspirar
Para fazer destinos
Negros de raiz
Pára de chorar
Não ligues a quem diz
Que há nos astros o poder
De marcar alguém
Só por prazer
Por isso pára de chorar
Carrega no batom
Abusa do verniz
Põe os pontos nos Is
Nem Deus tem o dom
De escolher quem vai ser feliz

Pára de sorrir
E exibir a tua felicidade
Só por leviandade
Se pode sorrir assim
Num estado de graça
Que até ofende quem passa
Como se não haja queda
No Universo
E a vida seja moeda
Sem reverso
Por isso pára de sorrir
Não abuses dessa hora
Ela pode atrair
O ciúme e a inveja
Tu não perdes pela demora
E a seguir tudo se evapora

sábado, 12 de setembro de 2009

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Eu não vou renunciar a mim; nenhuma parte, nenhum pedaço do meu ser






Te olho nos olhos e você reclama...
Que te olho muito profundamente.
Desculpa,
Tudo que vivi foi muito
profundamente...
Eu te ensinei quem sou...
E você foi me tirando...
Os espaços entre os abraços,
Guarda-me apenas uma fresta.
Eu que sempre fui livre,
Não importava o que os outros dissessem.
Até onde posso ir para te resgatar?
Reclama de mim, como se houvesse possibilidade...
De me inventar de novo.
Desculpa...
Desculpa se te olho profundamente,
rente à pele...
A ponto de ver seus ancestrais...
Nos seus traços.
A ponto de ver a estrada...
Onde ficam seus passos.
Eu não vou separar minhas vitórias
Dos meus fracassos!
Eu não vou renunciar a mim;
Nenhuma parte, nenhum pedaço do meu ser
Vibrante, errante, sujo, livre, quente.
Eu quero estar viva e permanecer
Te olhando profundamente.



quinta-feira, 10 de setembro de 2009

as frases caem no chão desfazendo o sentido






«(...)A angústia não é senão isso, o pavoroso medo do que inteiramente ignoramos, o medo no núcleo do medo. Aqui nenhuma ciência, por mais exacta, ajuda. É risível esperar o que quer que seja do que tenha peso e medida e seja sujeito à universal gravidade. Torna-se difícil resistir a uma qualquer superstição, a uma qualquer mentira, um desculpável conforto. Quase esquecemos que ignoramos de onde viemos, obcecados em saber para onde seguimos inexoravelmente, a morte com as suas garras de fora. Mesmo o crucificado se sentiu desamparado, quanto mais nós que cometemos tantos ridículos crimes, inúteis pecados contra outros e nós próprios, tanta vaidade. Sentados à volta de uma mesa quadrada, uma garrafa bebida até meio e um cinzeiro sujo, as frases caem no chão desfazendo o sentido. (...)»
in o mundo é tudo o que acontece

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Fala-me tu do Amor




«Fala-me tu do Amor e dessa coisa esquisita que é o tempo com quatro dedos de distância entre o ardor das línguas e a asfixia dos corpos.
Fala-me tu do Amor e desse desejo que arrasta a proximidade que anula todos os intervalos em pequenas existências que de tão insignificantes desaparecem numa doçura e amargura.
Conta-me do constante faz e refaz, de ressuscitar e morrer, de adormecer e sonhar, do conforto da luz dos dias na realidade que nos mata. Porque do Amor também se morre e também se vive, como alimentação programada às calorias necessárias para respondermos.
Encostarei a cabeça para que te ouça falar da grande cidade, cheia de perigos, que não amedrontam porque de um se protege o outro e dois são uma muralha maravilhosa em que existe a gratidão de ser ele e ela, e toda a gente e mais ninguém que esteja em sombra.
(...)»
Al berto

sábado, 5 de setembro de 2009

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

je t'aime pour aimer






Je t'aime pour toutes les femmes que je n'ai pas connues
Je t'aime pour tous les temps où je n'ai pas vécu
Pour l'odeur du grand large et l'odeur du pain chaud
Pour la neige qui fond pour les premières fleurs
Pour les animaux purs que l'homme n'effraie pas
Je t'aime pour aimer
Je t'aime pour toutes les femmes que je n'aime pas
Qui me reflète sinon toi-même je me vois si peu
Sans toi je ne vois rien qu'une étendue déserte
Entre autrefois et aujourd'hui
Il y a eu toutes ces morts que j'ai franchies sur de la paille
Je n'ai pas pu percer le mur de mon miroir
Il m'a fallu apprendre mot par mot la vie
Comme on oublie
Je t'aime pour ta sagesse qui n'est pas la mienne
Pour la santé
Je t'aime contre tout ce qui n'est qu'illusion
Pour ce coeur immortel que je ne détiens pas
Tu crois être le doute et tu n'es que raison
Tu es le grand soleil qui me monte à la tête
Quand je suis sûr de moi
paul éluard

terça-feira, 1 de setembro de 2009

«Sempre»






«Sempre», dizes, como se o tempo
fosse para além do que somos,
e o que somos não se perdesse em cada
canto em que nos perdemos.»

nuno judice