Já tive um carro da cor dos teus olhos. Deixava-o
estacionado à frente de prostíbulos onde alugava
quartos com vista sobre o quintal dos vizinhos,
Esperava por semáforos, sem saber que esperava
apenas por ti. No auto-rádio, a tua voz cantava
fados demasiado velhos até para a minha mãe.
A segunda circular era uma manifestação pacífica
de pára-brisas, as palavras de ordem eram simples
porque ainda não sabia que já me tinhas escolhido.
Quando os outros rapazes folheavam revistas de
carros nas aulas de matemática, eu apenas me
interessava por unicórnios e farmácias abandonadas.
Agora os meus olhos contam quilómetros nos teus,
procuro papéis entre os papéis do guarda-luvas e
tenho tanto medo que me vendas em segunda mão.
José Luís Peixoto
a tua finíssima sensibilidade poética é algo verdadeiramente impagável...tantos e tantos vieram ao meu encontro pela tua mão...só me apetece subir a uma qualquer cadeira deste blog e, correndo o risco do cliché, gritar:´O CAPTAIN! my Captain!`
ResponderEliminar:) fizeste-me rir.
Eliminardiz o gil t. sousa que "não há grandes poetas nem grandes poemas; há palavras que nos agarram no momento certo. só isso.", se calhar é isso ...
se calhar é isso mesmo...e se calhar isso é tudo!;)
ResponderEliminare é tão bom quando as palavras nos agarram
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