quinta-feira, 6 de agosto de 2009

não vou fingir que nunca exististe







não quero mentir mais. estou cansado de mentir.
vejo o teu rosto parado numa fotografia e a memória
que guardo de ti é tão diferente da realidade assustadora das fotografias.
mas não vou mentir. estou cansado de mentir.
a minha vida também és tu, o teu rosto parado na minha memória.
a minha vida és tu e todas as mãos que me seguraram e me quiseram,
todos os lábios que me beijaram, todas as línguas que me desenharam figuras
na pele, todos os dentes que me morderam, todas as vozes que me disseram amo-te
e me fizeram acreditar nisso. não quero mentir mais. estou cansado de mentir.
não és quase nada, mas não quero e
não vou fingir que nunca exististe


josé luis peixoto

2 comentários:

  1. Devo confessar que gosto mais de José Luis Peixoto de que Pedro Paixão.
    As memórias são muitas vezes traiçoeiras. Somos tudo isso, é a nossa vida, todos os que passaram; acima de tudo: os que irão passar.

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  2. penso que gostamos pela maneira como nos tocam ou nos revemos nelas.
    o pedro é uma montanha russa sempre em movimento.

    gosto muito do josé luis peixoto

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