quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

a olhar o que os braços não alcançam

























Minha querida, as tulipas vermelhas que deixaste sobre a mesa estão a morrer, a perder a cor. A casa está vazia, inundada de silêncios. Espero que estejas a fazer as malas para vires. Mas podes chegar sem malas, despida por fora ou por dentro. Gosto de ti com caracóis e sem caracóis. De chapéu e sem chapéu. Adoro sobretudo a maneira como dizes o meu nome que só a ti pertence. Não gosto nada de ti quando és má. Tu só és feia para me recordares a tua exímia perfeição, o contorno das tuas ancas violentas. Para poder ainda gostar mais. Minha miúda pequena, vem. Os passeios junto ao rio sem ti não são os mesmos. Faltam os demorados passos, as súbitas paragens. É por isso que estou quieto, a minha inteligência pousada sobre as mãos a olhar o que os braços não alcançam. Vou ficar assim até tu chegares, tapando-me a vista com o fogo dos teus dedos, a cicatriz aberta a meio do corpo.










pedro paixão, mensagem in o mundo é tudo o que acontece












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