quarta-feira, 12 de maio de 2010

De onde me chegam estas palavras?











































De onde me chegam estas palavras?

Nunca houve palavras para gritar a tua ausência

Apenas o coração
Pulsando a solidão antes de ti
Quando o teu rosto dóia no meu rosto
E eu descobri as minhas mãos sem as tuas
E os teus olhos não eram mais
que um lugar escondido onde a primavera
refaz o seu vestido de corolas.

E não havia um nome para a tua ausência.

Mas tu vieste.

Do coração da noite?
Dos braços da manhã?
Dos bosques do Outono?

Tu vieste.
E acordas todas as horas.
Preenches todos os minutos.
acendes todas as fogueiras
escreves todas as palavras.

Um canto de alegria desprende-se dos meus dedos
quando toco o teu corpo e habito em ti
e a noite não existe
porque as nossas bocas acendem na madrugada
uma aurora de beijos.

Oh, meu amor,
doem-me os braços de te abraçar,
trago as mãos acesas,
a boca desfeita
e a solidão acorda em mim um grito de silêncio quando
o medo de perder-te é um corcel que pisa os meus cabelos
e se perde depois numa estrada deserta
por onde caminhas nua.







Joaquim Pessoa






3 comentários:

  1. Um dia bom para ti, que eu vou trabalhar, cheio de sono...

    Vasco (teu)


    "Hoje podes deitar-te na minha cama
    e contar-me mentiras - dizer, não sei,
    que o amor tem a forma da minha mão
    ou que os meus beijos são perguntas que
    não queres que ninguém te faça senão
    eu; que as flores bordadas na dobra do
    meu lençol são de jardins perfeitos que
    antes só existiam nos teus sonhos; e que
    na curva dos meus braços as horas são
    mais pequenas do que uma voz que no
    escuro se apagasse. Hoje podes rasgar
    cidades no mapa do meu corpo e
    inventar que descobriste um continente
    novo - uma pátria solar onde gostavas
    de morrer e ter nascido. Eu não me
    importo com nada do que me digas esta
    noite: amo-te, e amar-te é reconhecer o
    pólen excessivo das corolas, o seu vermelho
    impossível. Mas amanhã, antes de partires,
    não digas nada, não me beijes nas costas
    do meu sono. Leva-me contigo para sempre
    ou deixa-me dormir - eu não quero ser
    apenas um nome deitado entre outros nomes."

    Maria do Rosário Pedreira

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  2. bom dia de trabalho para ti, vasco.
    a silvia da pastelaria onde compro o pão perguntava-me um dia destes - a que horas pega ao trabalho? - e eu, apanhada de surpresa, nunca mo tinham perguntado, disse-lhe - eu acho que não despego :)
    é, eu acho que estou sempre 'pegada' a alguma coisa.

    deixa-me ir.

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  3. Eu estou sempre (a)pegado a tanta coisa :)
    Mas em relação a trabalho tenho horários, embora seja por turnos e com folgas variáveis. As outras coisas que me apegam, e são imensas, é que não têm horário... ler é uma delas e de vez em quando encontro qualquer coisa que me apetece partilhar contigo (também é um apego, um recente)

    Vasco (teu)

    "Claro que se tem medo que alguém nos entre pelos olhos.
    Mas podes arder. Para a tua temperatura sou mercúrio,
    linhas de mão, lábio e sopro. Atravesso-te porque
    me atravessas e onde somos corsários rendemo-nos ao encanto da devolução.
    Tu e eu à porta de um lugar que vai fechar tudo numa árvore.
    Aqui onde os minutos são a rua em que nos sentamos toda
    a tarde à espera do silêncio, onde o teu corpo pesa a medida exacta do meu desejo.
    Sou um animal. Necessito diariamente da transfusão de uma
    enorme quantidade de calor. Tocas-me?"



    Vasco Gato

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