quinta-feira, 6 de maio de 2010

não te conheço mas existes
































Eu sei, não te conheço mas existes.
por isso os deuses não existem,
a solidão não existe
e apenas me dói a tua ausência
como uma fogueira
ou um grito.



Não me perguntes como mas ainda me lembro
quando no outono cresceram no teu peito
duas alegres laranjas que eu apertei nas minhas mãos
e perfumaram depois a minha boca.



Eu sei, não digas, deixa-me inventar-te.
ao é um sonho, juro, são apenas as minhas mãos
sobre a tua nudez
como uma sombra no deserto.
É apenas este rio que me percorre há muito e desagua em ti,
Porque tu és o mar que acolhe os meus destroços.
É apenas uma tristeza inadiável, uma outra maneira de habitares
Em todas as palavras do meu canto.



Tenho construído o teu nome com todas as coisas.
tenho feito amor de muitas maneiras,
docemente,
lentamente
desesperadamente
à tua procura, sempre á tua procura
até me dar conta que estás em mim,
que em mim devo procurar-te,
e tu apenas existes porque eu existo
e eu não estou só contigo
mas é contigo que eu quero ficar só
porque é a ti,
a ti que eu amo.













Joaquim Pessoa




[uma outra maneira de habitares em todas as palavras]







imagem

















3 comentários:

  1. Nada garante que tu existas
    Não acredito que tu existas
    Só necessito que tu existas

    David Mourão-Ferreira

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  2. Também sei que existes e por isso sinto tanto a sua falta, na correria dos dias e das longas noites...

    Espero que esteja bem, vibro para que esteja.




    |@
    Um abraço, Paula.

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  3. obrigada epee, também sinto a minha, a nossa falta e espero que esteja tudo bem aí, aqui, mas não sei, ainda não sei mesmo, os meus dedos têm nós que não me deixam escrever...

    beijo
    boa quarta

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