domingo, 9 de maio de 2010

se

























se regressar, será aos teus olhos que regresso.
os acasos ardem nos lábios dos amieiros que na margem do rio
aguardam que regresse. a isso regresso, buscando
coincidências e nomes, razões. afasto-me
provavelmente de ti, embora secretamente.

é por isso estranha a forma como os acasos ardem
para sempre. a outro rio e sob outras sombras
regresso, devagar para não ferir o que antes amei
e por quem morri muitas vezes. agora de novo morro

e por outro rio regresso até ao lugar onde elas, as aves,
nascem para não desaparecerem. e isso é como permanecer.








Francisco José Viegas
































 






3 comentários:

  1. E 'digo-te por isso', que ao ler este poema ontem me lembrei de ti. Vá-se lá saber porquê se nem te conheço (a não ser pelo que escreves... e talvez por isso)

    "Digo-te por isso
    que não me obrigues à luz.
    Que escrever não é fácil,
    que viver não é fácil
    quando começamos a frase a meio.
    Que lavo a cara ao chegar tão tarde
    e mesmo assim o dia não se despega,
    e mesmo assim
    tu não estás, ninguém está.
    Que não tenho espaço na minha secretária,
    na minha vida, na minha cama
    para tanto espaço.
    Que já me disseram urbana,
    e nem por isso me disseram decadente,
    e que eu gostei.
    Que já me disseram
    muitas vezes
    disfarçadamente triste,
    e que por isso, por ser triste, por
    sermos todos tristes, não mo deviam dizer.
    Digo-te por isso
    que não era minha intenção dizer-te mais uns versos
    tristes e sem luz, e por isso, só por isso,
    não era minha intenção dizer-te nada."


    Filipa Leal

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  2. 'mesmo assim o dia não se despega'e eu nem tem escrito nem transcrito. és tu que o tens feito, por mim, aqui.

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