segunda-feira, 15 de agosto de 2011

mulheres




















As mulheres aspiram a casa para dentro dos pulmões
E muitas transformam-se em árvores cheias de ninhos - digo, 

As mulheres - ainda que as casas apresentem os telhados inclinados 
Ao peso dos pássaros que se abrigam. 

É à janela dos filhos que as mulheres respiram
Sentadas nos degraus olhando para eles e muitas 

Transformam-se em escadas 
Muitas mulheres transformam-se em paisagens 
Em árvores cheias de crianças trepando que se penduram 
Nos ramos - no pescoço das mães - ainda que as árvores irradiem 
Cheias de rebentos 

As mulheres aspiram para dentro 
E geram continuamente. Transformam-se em pomares. 
Elas arrumam a casa 
Elas põem a mesa 
Ao redor do coração. 




daniel faria




















4 comentários:

  1. poema lindíssimo
    {também apareceu num (poe)dia}

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  2. hmmm...mas não foi daí que eu @ei....

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  3. Um brilhante elogio, Paula.

    Bjs

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  4. há algumas mulheres assim, há, eu conheço umas duas, e outras perdidas na memória... Jota.
    boa noite!

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