quarta-feira, 19 de maio de 2010

...e às escuras dançasse com a minha alma...

















Esta noite morri muitas vezes, à espera
de um sonho que viesse de repente
e às escuras dançasse com a minha alma
enquanto fosses tu a conduzir
o seu ritmo assombrado nas trevas do corpo,
toda a espiral das horas que se erguessem
no poço dos sentidos. Quem és tu,
promessa imaginária que me ensina
a decifrar as intenções do vento,
a música da chuva nas janelas
sob o frio de fevereiro? O amor
ofereceu-me o teu rosto absoluto,
projectou os teus olhos no meu céu
e segreda-me agora uma palavra:
o teu nome - essa última fala da última
estrela quase a morrer
pouco a pouco embebida no meu próprio sangue
e o meu sangue à procura do teu coração.










Fernando Pinto do Amaral













1 comentário:

  1. "E ao anoitecer adquires nome de ilha ou de vulcão
    Deixas viver sobre a pele uma criança de lume
    E na fria lava da noite ensinas ao corpo
    A paciência o amor o abandono das palavras
    O silêncio
    E a difícil arte da melancolia"

    Al Berto

    ResponderEliminar