quarta-feira, 2 de junho de 2010

Escreve-me, peço-te














 















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(...) Contemplo as dunas, o casario contra a noite que se fecha, as luzes, o rio, as sombras das pessoas, o mar como uma lâmina sob a lua — e a ausência alastra em mim, cortante.
Sento-me onde, dantes, me sentava contigo, perto do farol. O que me rodeia move-se no interior surdo das suas próprias sombras. É um movimento invisível através de territórios que o olhar mal assinala. Concentro a minha atenção nesses lugares que a luz não pode alcançar. Lugares escuros onde se escondem receios antigos e desilusões.
Mantenho-me imóvel, tacteio o teu rosto diluído na salina claridade do entardecer.
Adormeço ou começo a subir o rio para fugir à imensa noite do mar.
Escreve-me, peço-te, enquanto a tua imagem permanece nítida perto de mim.
Vou prosseguir viagem assim que o dia despontar e o som do teu nome, gota a gota, se insinue junto ao coração.

















Al Berto








 




4 comentários:

  1. Escrevo-te, escrevo para ti... e será que escrevo em ti?

    "Escrevo
    com os dedos ainda longos
    da carícia"

    Jorge de Sousa Braga

    Escrevo... e só preciso que me digas que estás aqui, nestas páginas que escrevo para nunca te esquecer

    Vasco (teu)

    "Vem aos meus sonhos,
    faz em mim a tua casa.
    Planta, em frente, a cerejeira dos
    pássaros brancos,
    deixa que eles pousem nos ramos e cantem
    eternamente,
    deixa que nas suas asas de luz eu leia o meu
    nome,
    antes de os relâmpagos acenderem os prados.

    Vem aos meus sonhos,
    vê os labirintos por onde me perco,
    vê os meus países do mar,
    vê, em cada barco que parte do meu coração,
    as viagens que não fiz,
    os amores que não tive,
    a luz cruel da minha solidão.

    Vem aos meus sonhos,
    traz um fio de água para as dálias do meu
    quarto vazio,
    não queiras que as suas pétalas sequem muito
    depressa,
    caindo pelos delicados muros de cristal,
    apagando a cor que dava vida aos aposentos
    do solitário.

    Deixa que ele evoque a secreta doçura das
    colmeias,
    e vem,
    vem aos meus sonhos,
    ilumina o meu domingo de cinzas, o meu
    domingo de ramos, o meu calvário,
    diz que estás aqui,
    nesta página que escrevo para nunca te esquecer."


    José Agostinho Baptista

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  2. Escreve-me muitas vezes
    como os percursos ininterruptos das formigas
    o ritmo dos girassóis devolvidos à condição de flor
    e o reflexo das nuvens no lado interior dos rios
    guardados nas minhas mãos

    Escreve-me tantas vezes
    quantos os nocturnos quase-vazios entre as estrelas
    os quebrantos de mar aos pés prateados da lua
    e as intuições anunciadas na respiração dos dedos dos
    amantes

    Nunca deixes de me escrever
    como se o tempo das palavras fosse o dos regressos

    confirmado na existência e docilidade das pedras

    Nunca deixes de me sentir

    Sandra Costa

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  3. Todas as poesias belíssimas!




    !@
    gosto mesmo do que escreve e nos apresenta.
    boa quinta, na véspera da sexta...

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  4. obrigada epee, gosto que goste.

    boa quintinha

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