quinta-feira, 19 de maio de 2011

é o medo de termos perdido sem querer a nossa vez





















É o frio que nos tolhe ao domingo
no Inverno, quando mais rareia
a esperança. São certas fixações
da consciência, coisas que andam
pela casa à procura de um lugar 

e entram clandestinas no poema. 
São os envelopes da companhia
da água, a faca suja de manteiga
na toalha, esse trilho que deixamos
atrás de nós e se decifra sem esforço
nem proveito. É a espera 



e a demora. São as ruas sossegadas
à hora do telejornal e os talheres
da vizinhança a retinir. É a deriva 
nocturna da memória: é o medo
de termos perdido sem querer 
a nossa vez.





Rui Pires Cabral












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