DEPOIS DA DOR, A ALEGRIA!
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A dor parece interminável quando estamos no meio dela. Ela pesa, cansa,
silencia. Nos momentos mais difíceis, a esperança parece distante, e os
dias, int...
pierre louÿs / ao navio
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XLVII
Belo navio que me trouxeste seguindo de perto as costas da Jónia,
entrego-te às vagas cintilantes. É, com pé ligeiro, que
salto para o areal.
...
Se eu soubesse cantar.
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Meu amor, não penso em desistir
De te olhar, pois desejo-te tanto
És a musica que me faz existir
A letra das canções que canto
.
Meu amor se a distância...
O AMOR É O AMOR
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*O amor é o amor — e depois?! Vamos ficar os dois a imaginar, a
imaginar?... O meu peito contra o teu peito, cortando o mar, cortando o ar....
Sexo e literatura
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Se já é difícil falar de sexo de forma que não pareça didáctica ou
ordinária, escrever cenas de sexo em ficção resulta ainda mais difícil.
Cai-se facilme...
Paul Bailey (Nocturno)
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NOCTURNAL
I knew a man once who wished he hadn’t been born.
He meant what he said.
He wasn’t a poseur.
In the few, radiant years I knew him
He neve...
unspeakable...
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"Where is Abu Fadi," she wailed.
"Who will bring me my loved one?"
- The New York Times, 9/20/1982
*I do not wish to speak about the bulldozer and the *
...
O fim do jornal i
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*Na última edição de um jornal diário que ambicionou a ligeireza na
profundidade, que soube contestar e romper com os estilos que têm
estigmatizado o ...
A VILA
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(inspirado em Paula Rego) Como range o lápis no papel como cacarejam as
galinhas nos bolsos como gemem as pessoas quando se lhes arrancam as unhas
e o ...
O mundo ao contrário
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Menina Shakti agarra-me os tornozelos e puxa-me as pernas -- o com elas o
corpo todo -- para mais perto do tecto. Não que eu estivesse a fazer
batota, ou p...
O filme The Voice of Hind Rajab
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* Hind Rajab, nascida em 3 de maio de 2018, era uma menina
palestiniana que foi morta em 29 de janeiro de 2024, com seis anos de
idade, pelas for...
Amélia
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Amélia bamboleia-se à minha frente e as outras imitam-na. Talvez o
burburinho que ouço, entrelaçando o chilrear das aves neste entardecer,
seja os...
Mobilizem-se! Organizem-se! Lutem!
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Imaginem que isto se passava com o PCP. Ou BE. Ou L. Ou com o PS. Ou até
mesmo com o PSD. Seria a cobertura mediática idêntica? Haveria o mesmo
crit...
Gato Azul, de Hagiwara Sakutaro
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Poema de Hagiwara Sakutaro (1846-1942), poeta japonês, da sua colectânea
com o mesmo nome Aoneko (Gato Azul) de 1923. GATO AZUL É bom amar esta bela
cidade...
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Este ano o verão atravessou Lisboa. O verão foi invisível. Atravessou a
cidade e os outros levou do meu corpo memórias do teu nome. joão miguel
fernandes j...
PELE DE PAREDE
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Os azulejos de Gilberto Renda são pele de parede,
Os painéis de madeira, nas salas da preciosa Vila Idalina,
Os antigos papeis de parede da Casa Vermelha,
Os...
Tragédia no Mar
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"Tragédia no Mar" é a denominação do feliz grupo escultórico de José João
Brito, visto aqui na tarde de hoje. Inspirado numa tela de Augusto Gomes, o
monum...
No meio do ruído das coisas.
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Duas despedidas tristes: a de Paulo Tunhas (1960), filósofo, cronista,
poeta, professor; e a de Luís Carmelo (1954), romancista, professor, poeta,
ensaís...
CARLOS POÇAS FALCÃO
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[TODOS OS DIAS VIAJO PARA A CULPA]
Todos os dias viajo para a culpa.
É lá onde trabalho, movendo e removendo
juízos e vergonhas, vergando-me nas margens
do...
ninguém conhece o infinito
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A culpa é tua se dizes sempre
o mesmo nome
se tens sempre a mesma idade
e a mesma casa, se quando
revelas a tua identidade
é impossível que o céu te explud...
FATIADA
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Era o céu inteirinho que chovia, como se fosse castigo, alagando tudo em
redor.
Como se o mundo se aglomerasse para chorar, acotovelando-se na visão
catas...
Que seja eterno
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Mas de nenhum destes modos te sei amar, tão fraco ou inábil é o meu
coração, de modo que, por o meu amor não ser perfeito, tenho de me
contentar que seja e...
Uma Alma Inquieta
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Eu sabia há três anos que Ela me viria bater à porta a qualquer momento,
mas não sabia como seria informado da sua chegada.
Desde Maio que peço, quase dia...
sem que ele note
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tão longe vai o tempo em que ele morria em mim. acontecia aos poucos, a
imagem dele a querer fugir do meu peito, ele a ausentar-se lentamente dos
meus ...
Tempo
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Eu não amava que botassem data na minha existência. A gente usava mais era
encher o tempo. Nossa data maior era o quando. O quando mandava em nós. A
gente ...
É isto o Amor
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Em quem pensar, agora, senão em ti? Tu, que
me esvaziaste de coisas incertas, e trouxeste a
manhã da minha noite. É verdade que te podia
dizer: «Como é ma...
Pó dos Livros
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Setembro de 2007, abrimos as portas, e já nessa altura planava sobre nós o
abutre. Nunca passava para cá da linha da porta. No entanto, rondava de
perto...
Más poemas de Levertov (según ST)
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Photographer unknown, provided by Jan Wallace, The Project Room
*i*
Él recoge botones de vidrio del fondo del mar.
Las branquias de la mente palpitan en...
Burrinho
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Fui à procura de um caderno para escrever. Volto a ter vontade de
escrever. Não quero, não sou capaz, de escrever frases, textos, quero
apenas apontar as ...
o escritor enquanto cão-guia
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Grassa, em lusas terras, já há algum tempo, o paradigma do escritor como
«cão-guia». O leitor ou leitora, pitosga ou mesmo ceguinho deverá ser
levado pela ...
tomorrow never comes (III)
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Tentava escrever
o esboço - vestígio do corpo,
a macia semente do vento
a traço de giz
da cor do barro, da cor da nuvem carvão;
acontecia o espinho, o p...
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Um corpo sem véu, despojado do barulho do mundo. Apenas o grão da pele para
o vestir. Um corpo nu, imóvel e cheio de estorias caóticas e cicatrizes.
Um co...
Saídas a dois
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Estava tudo combinado para aquele final de tarde: saía do trabalho direta à
escola, entravamos juntos no carro, sorridentes e enamorados, e seguíamos
para...
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demasiado depressa o silêncio
de braços inertes
não consigo alcançar-te
ou olhar-te sequer
nem colher a tempo tudo o que devia
(tudo o que julgo que de...
Carta a Paris 16 de Março de 2015
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16 de Março 2015
10:07
Está frio. O céu, imenso e de um cinza quase branco, leva-me os sentidos e
a minha vontade. Ainda assim decidi ir a Paris, onde te...
1930-2015
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não chamem logo as funerárias,
cortem-me as veias dos pulsos pra que me saibam bem morto,
medo? só que o sangue vibre ainda na garganta
e qualquer mão e ...
SANTO ANTONINHO DOS ESQUECIDOS
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* para o José Carlos Soares*
O esquecimento tem portões
fechados e velas a acordar
o crepúsculo enquanto o vento
sop...
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Vestiu-se de nevoeiro e foi dançar
pés de musgo
mão na anca e outra estendida no ar
gotas de chuva mansa no olhar
um peso leve
acariciando a terra húmida
em...
Espaço : se alguém disser que morri...
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Robert & Shana Parkeharrison
*se alguém disser que morri, avança até à varanda do céu,*
*escuta a noite e recolhe o meu corpo da espuma dos planetas.*
*nã...
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