Não é fácil ser poeta a tempo inteiro.
Eu, por exemplo, nem cinco minutos
por dia, pois levanto-me tarde e primeiro
há que lavar os dentes, suportar os incisivos
à face do espelho, pentear a cabeça e depois,
a poeira que caminha, o massacre dos culpados,
assistir de olhos frios à refrega dos centauros.
E chegar à noite a casa para a prosa do jantar,
o estrondo das notícias, a louça por lavar.
Concluindo, só pelas duas da manhã
começo a despir o fato de macaco, a deixar
as imagens correr, simulacro do desastre.
Mas entretanto já é hora de dormir.
Mais um dia de estrume para roseira nenhuma.
José Miguel Silva
Nunca é fácil, Ana. :)
ResponderEliminare o Luís sabe bem disso :)
Eliminarmuito bom
ResponderEliminar:)
também sabes do que ele fala...
Eliminarbeijo
obrigado pela descoberta, já aumentei o acervo~
ResponderEliminar(como o compreendo)
gosto muito deste autor, Luís.
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