sexta-feira, 14 de maio de 2010

depois que o estio se volveu inverno






















Conheço o sal da tua pele seca
depois que o estio se volveu inverno
da carne repousando em suor nocturno.

Conheço o sal do leite que bebemos
quando das bocas se estreitavam lábios
e o coração no sexo palpitava.

Conheço o sal dos teus cabelos negros
ou louros ou cinzentos que se enrolam
neste dormir de brilhos azulados.

Conheço o sal que resta em minha mãos
como nas praias o perfume fica
quando a maré desceu e se retrai.

Conheço o sal da tua boca, o sal
da tua língua, o sal de teus mamilos,
e o da cintura se encurvando de ancas.

A todo o sal conheço que é só teu,
ou é de mim em ti, ou é de ti em mim,
um cristalino pó de amantes enlaçados.





 
de Jorge de Sena









1 comentário:

  1. Mas espera-me, guarda (me) a tua doçura e eu te darei uma rosa...

    Vasco (teu)

    "Mal te deixo,
    continuas em mim, cristalina
    ou trémula,
    ou inquieta,por mim mesmo ferida
    ou cumulada de amor, quando os teus olhos
    se fecham sobre o dom da vida
    que sem cessar te entrego.

    Meu amor,
    encontrámo-nos,
    sedentos, e bebemos
    toda a nossa água e todo o nosso sangue,
    encontrámo-nos,
    com fome,
    e mordemo-nos
    como o fogo morde,
    deixando-nos em ferida.

    Mas espera-me.
    Guarda a tua doçura.
    Eu te darei uma rosa!"

    Pablo Neruda

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