quinta-feira, 20 de maio de 2010

...um transbordamento de carícias....
































Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor
seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentando
Pela graça indizível
dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura
dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer
que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas
nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras
dos véus da alma...
É um sossego, uma unção,
um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta,
muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite
encontrem sem fatalidade
o olhar estático da aurora.








Vinícius de Moraes






















3 comentários:

  1. E esta noite (como um adolescente) tropeço de ternura por ti, e sem te acordar ajeito-te as mantas e dou-te um beijo de boa noite

    Vasco (teu)

    "- Sim – digo-te, pousando as mãos nos teus joelhos: - Desejo encontrar alguém que
    me ame com bondade, e saiba ler.
    -Alguém que queira ressuscitar para ti?
    - Sim, alguém que tenha para comigo essa memória.
    Alguém que deixe espaços entre as palavras para evitar que a última se agarre à
    próxima que vou escrever
    Alguém que admita que a cartografia dos animais e da pontuação não está ainda
    estabelecida
    Alguém que eu possa ler diferentemente depois de me ler
    Alguém que dirá aos animais e às plantas que nem sempre serão servos
    Alguém que ao nos amarmos se reconheça de matéria estelar"

    Maria Gabriela Llansol

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  2. Portas... além das flores, das paisagens... também gosto delas. Sempre representam alguma coisa na vida, independente de que lado nos encontramos... sempre à vista de qualquer possibilidade... sempre transpondo... ainda que não pareça, às vezes.




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    Obrigada pelas flores deixadas à porta... foi uma longa e prazerosa viagem, diria, um descanso. Obrigada pela sensibilidade, esse bichinho que te rói e que você tão bem sabe como administrá-lo.

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  3. obrigada epee, rói-me sim, mas não tenho mão nele, anda por mim num desatino.

    fiquei feliz por encontrar uma janela por onde chegar aí.

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