terça-feira, 1 de junho de 2010

Não me interessa saber

























Não me interessa saber o que fazes para ganhar a vida
quero saber o que desejas ardentemente, se ousas sonhar em atender
aquilo pelo qual o teu coração anseia.


Não me interessa saber a tua idade
quero saber se arriscarás parecer um tolo por amor,
por sonhos, pela aventura de estar vivo.


Não me interessa saber que planetas estão em quadratura com a tua lua
quero saber se tocaste o âmago da tua dor,
se as traições da vida te abriram
ou se te tornaste murcho e fechado por medo de mais dor!


Quero saber se podes suportar a dor, minha ou tua;
sem procurar escondê-la, reprimi-la ou narcotizá-la.
quero saber se podes aceitar alegria, minha ou tua,
se podes dançar com abandono e deixar que o êxtase te domine
até às pontas dos dedos das mãos e dos pés,
sem nos dizeres para termos cautela, sermos realistas,
ou nos lembrarmos das limitações de sermos humanos.


Não me interessa se a história que contas é verdade.
quero saber se consegues desapontar outra pessoa
para ser autêntico contigo mesmo,
se podes suportar a acusação de traição e não traíres a tua alma.


Quero saber se podes ver beleza
mesmo que ela não seja bonita todos os dias,
e se podes buscar a origem da tua vida na presença de Deus,
quero saber se podes viver com o fracasso, teu e meu e ainda,
à margem de um lago, gritar para a lua prateada: “Posso!”


Não me interessa onde moras ou quanto dinheiro tens
quero saber se podes levantar-te após uma noite de sofrimento e desespero,
cansado, ferido até aos ossos, e fazer o que tem de ser feito pelos filhos.


Não me interessa saber quem és e como vieste parar aqui
quero saber se ficarás comigo no meio do incêndio
e não te acovardarás.


não me interessa saber onde, o quê, ou com quem estudaste
quero saber o que te sustenta a partir de dentro,
quando tudo o mais se desmorona.
quero saber se consegues ficar sozinho contigo mesmo
e se, realmente,
gostas da companhia que tens nos momentos vazios.















Jean Houston

















7 comentários:

  1. E eu não sei bem quem és, mas sei quem és em mim...

    Vasco (teu)

    "Dispo-me; sei bem a tua história, um fragmento dela colado nas minhas costas, a língua em flor a desenhar-me pétalas no dorso - um beijo que lá ficou, caído, perdido, vermelho. Nítido como um cubo num circulo triangular. O nexo não pode falar, nem uma só palavra azul.

    Dispo-me; sei bem os teus segredos - estavam nos ninhos entre os dedos das tuas mãos, o teu peito nas minhas costas, o meu peito nas tuas mãos - perdeste-os na minha pele; suaste-os, regados de paixão enraizaram no meu ventre, cresceram árvores.

    Dispo-me; sei bem a tua nudez, esteve no meio de mim, bem dentro do meu corpo, nadou até à exaustão do meu mar - desmaiou na areia da minha praia, de boca salgada, de corpo ainda a ondular. O botão de rosa, largado no meio da jangada, abriu. Era o meu sexo.

    Dispo-me; já nem bem sei quem tu és - mas sei quem és em mim - dispo-me para encontrar a tua história, para encontrar os teus segredos, para encontrar a tua nudez; aqui dentro encontro-te perdido - ramificado, ainda assim - dou-te a mão e estás aqui, no cheiro a cores suaves do meu pescoço, amor imperfeito, nova flor."

    Joana Well

    ResponderEliminar
  2. '... Olharam-se. Maravilharam-se. E o amor era a capacidade de se
    maravilharem a cada instante...'


    Pepetela

    ResponderEliminar
  3. E a mim há coisas que me interessam saber... já te perguntei como é o teu sorriso? Os teus risos?

    Bom dia...

    Vasco (teu)

    "O teu riso

    Tira-me o pão, se quiseres,
    tira-me o ar, mas não
    me tires o teu riso.

    Não me tires a rosa,
    a lança que desfolhas,
    a água que de súbito
    brota da tua alegria,
    a repentina onda
    de prata que em ti nasce.

    A minha luta é dura e regresso
    com os olhos cansados
    às vezes por ver
    que a terra não muda,
    mas ao entrar teu riso
    sobe ao céu a procurar-me
    e abre-me todas
    as portas da vida.

    Meu amor, nos momentos
    mais escuros solta
    o teu riso e se de súbito
    vires que o meu sangue mancha
    as pedras da rua,
    ri, porque o teu riso
    será para as minhas mãos
    como uma espada fresca.

    À beira do mar, no outono,
    teu riso deve erguer
    sua cascata de espuma,
    e na primavera, amor,
    quero teu riso como
    a flor que esperava,
    a flor azul, a rosa
    da minha pátria sonora.

    Ri-te da noite,
    do dia, da lua,
    ri-te das ruas
    tortas da ilha,
    ri-te deste grosseiro
    rapaz que te ama,
    mas quando abro
    os olhos e os fecho,
    quando meus passos vão,
    quando voltam meus passos,
    nega-me o pão, o ar,
    a luz, a primavera,
    mas nunca o teu riso,
    porque então morreria."

    Pablo Neruda

    ResponderEliminar
  4. O Vasco (teu) não será um senhor chamado Victor Manuel Paulo de Almeida?!

    (Re)Conheço esta selecção de poemas...esta forma de seduzir mulheres com poesia.

    Passei por aqui, por acidente [já agora adorei as tuas escolhas] e para meu espanto deparo-me com o famoso Victor.

    ResponderEliminar
  5. Não sei se se chamava isso, confundi os nomes, para mim ficou Vasco, como podia ficar Luis.

    Era um género diálogo, de poesia à desgarrada, mas de passagem, nada mais.

    Obrigada pela visita, também estou aqui só de passagem.

    ResponderEliminar
  6. parece que o engatatão da net arranjou outro blog pra andar seduzindo mulheres. o modo de operar e o mesmo poema bonito muito carinho beijos todos os dias...grande tarado esse victor...agora ate mudou de nome

    ResponderEliminar
  7. Sabe, eu acho que hoje em dia toda a gente está informada sobre os perigos da Internet. è possível que alguém mais só ou carente se deixe envolver com certos tipos de comportamentos.
    A mim, o Victor ou Vasco, não me fez mal nenhum, não o conheci nem senti falta disso. Revelou-me sim alguma poesia de que gostei. Nem toda, mas grande parte. Além de que era para mim, uma espécie de poesia à desgarrada...era um 'diálogo' engraçado, nada mais.
    Espero sinceramente que não ande por aí a magoar ninguem e que ninguem se deixe magoar.

    ResponderEliminar