quarta-feira, 4 de agosto de 2010

dá-me a tua mão:







































Dá-me a tua mão:

Vou -te agora contar como entrei no inexpressivo que sempre foi a minha busca cega e secreta. De como entrei naquilo que existe entre o número um e o número dois, de como vi a linha de mistério e fogo, e que é linha sub-reptícia. Entre duas notas de música existe uma nota, entre dois factos existe um facto, entre dois grãos de areia por mais juntos que estejam existe um intervalo de espaço, existe um sentir que é entre o sentir- nos interstícios da matéria primordial está a linha de mistério e fogo que é a respiração do mundo, e a respiração contínua do mundo é aquilo que ouvimos e chamamos de silêncio.








Clarice Lispector



















2 comentários:

  1. Ainda pelas mãos. Sempre pelas mãos. Numa linha reta e imaginária, perfeitamente visível e alcançável. Só por elas.




    !@

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  2. e 'por mais junt[a]s que estejam existe um intervalo de espaço'

    sempre as mãos, infinitas...

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