Cheguei a ter medo de te perder,
tu não chegaste sequer a ter medo.
Este silêncio de já não termos palavras
ouve-se nas outras palavras que trocamos.
Miserável mundo nosso e alheio,
igual ao que todos disseram da sua época,
e pior, porque este vivemos nós
e conhecemos nós, cada um conforme pode.
Já morrerem os ídolos todos da infância
e os da adolescência vão a caminho,
sobrevivente é o teu olhar cego
(hoje há já só um dos Righteous Brothers).
Na feira de velharias uma caixa
para tabaco com uma rosa verde.
Tem o preço ainda em escudos, uma falha
num dos cantos, uma pequena cruz de cal.
Permaneces aí, à lareira, lendo livros vivos
e o seu turbilhão de palavras profundas.
Nunca mais chega o medo de nos perdermos,
eco um do outro em ricochete de silêncios.
Helder Moura Pereira
O medo de perder... a asneira em prender...
ResponderEliminarO que é para nós tem de o ser... naturalmente, genuinamente, inteiramente.
nem sempre se conjugam as circunstâncias para que sejamos também nós, para o que queremos que para "nós tem de o ser". o darmo-nos não implica que nos seja dado, nem amarmos que sejamos amadas.
ResponderEliminareu acho Beguinha, e não diz respeito a poesia nenhuma, que um dos ensinamentos da vida, é a aceitação, e eu diria, dos mais dolorosos ensinamentos.