sábado, 24 de agosto de 2013

algum dia ouviste morrer uma noite























tu chegavas de tão longe que eu não te podia tocar
como se viesses de um sonho ou de uma mentira
o teu corpo era cruel como o nevoeiro
e onde ardia o amor eu era apenas um corpo

algum dia ouviste morrer uma noite
uma água de mágoa tritura os pulsos
um ruído trespassado desabita o coração

esfinges ocupam o quarto
a lua permanece raios decepados
abraço o teu corpo onde me sobrevivo
e adormeço futuro contra a luz

do amor de tão antes onde te espero
vejo um fantasma abrir um corpo de voz
e sangrar sobre a noite esvaziado

ninguém se levanta dentro do seu próprio coração





Pedro Sena-Lino















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