vai até onde ninguém te possa falar ou reconhecer
vai por esse campo de crateras extintas
vai por essa porta de água tão vasta quanto a noite deixa a árvore das cassiopeias cobrir-te e as loucas aveias que o ácido enferrujou erguerem-se na vertigem do voo
deixa que o Outono traga os pássaros e as abelhas para pernoitarem na doçura do teu breve coração
ouve-me que o dia te seja limpo e para lá da pele constrói o arco de sala morada eterna
o mar por onde fugirá o etéreo visitante desta noite
Al berto
Pergunta-me
ResponderEliminarse ainda és o meu fogo
se acendes ainda
o minuto de cinza
se despertas
a ave magoada
que se queda
na árvore do meu sangue
Pergunta-me
se o vento não traz nada
se o vento tudo arrasta
se na quietude do lago
repousaram a fúria
e o tropel de mil cavalos
Pergunta-me
se te voltei a encontrar
de todas as vezes que me detive
junto das pontes enevoadas
e se eras tu
quem eu via
na infinita dispersão do meu ser
se eras tu
que reunias pedaços do meu poema
reconstruindo
a folha rasgada
na minha mão descrente
Qualquer coisa
pergunta-me qualquer coisa
uma tolice
um mistério indecifrável
simplesmente
para que eu saiba
que queres ainda saber
para que mesmo sem te responder
saibas o que te quero dizer
Mia Couto
[uma tolice
ResponderEliminarum mistério indecifrável]
óptimas escolhas, as suas. já tinha editado este de mia couto.