Vou buscar-te ao fim da tarde,
porque a noite só escurece contigo ao
meu lado, porque a noite aprende por ti
o caminho aberto das estrelas
Vou buscar-te ao fim da tarde,
e verás como preparei a casa, como
escolhi a música, como, enfim, espalhei
os objectos mais impressionados contigo,
os que ganharam vida por se interporem
na espessura estreita que vai do meu
ao teu coração
e não mais te devolvo, correndo todos os
riscos de não amanhecer nunca
numa loucura propositada por ti
não mais te devolvo,
ocuparás o mundo debaixo e sobre mim,
e não haverá mais mundo sem que seja assim
Valter Hugo Mãe
Gostei do link :)
ResponderEliminarE vai-me buscar ao fim da tarde... e deita-me contigo... e apaga as estrelas...
"Mas hoje, ainda longe daquele grito, sento-me na fímbria do mar.
Medito no meu regresso.
Possuo para sempre tudo o que perdi.
E uma abelha pousa no azul do lírio, e no cardo que sobreviveu à geada. Penso em ti.
Bebo, fumo, mantenho-me atento, absorto – aqui sentado, junto à janela fechada.
Ouço-te ciciar amo-te pela primeira vez, e na ténue luminosidade que se recolhe ao horizonte acaba o corpo.
Recolho o mel, guardo a alegria, e digo baixinho: Apaga as estrelas, vem dormir comigo no esplendor da noite do mundo que nos foge."
Al Berto in «Lunário»