terça-feira, 18 de maio de 2010

que cala o queixume dos lábios






























Exerce sobre mim todos os teus poderes,
os mais avassaladores e brutais,
os que deixam na carne a marca sem resgate
de uma morte prometida em cada gesto
e dá-me a perceber que
sempre que te toco é, afinal, o fogo
que estou a tocar, como se quisesse
bordar um monograma de lava
no lenço que cala o queixume dos lábios.
Deixa-me dos teus poderes
somente um rumor ou um aroma,
a inexprimível tentação que os faz
serem tão perenes e secretos,
tão sôfregos de entrega e infinito,
e depois derrota-me na arena
dos teus braços como tenazes de vento
sufocando nesta boca
o sopro que aprisiona o ar dentro do grito.










 José Jorge Letria















1 comentário:

  1. "Deixa-me amar-te em meus silêncios
    Na calmaria do teu coração que me acolhe
    E de onde se desprendem meus sonhos
    Em vôos etéreos de plena liberdade

    Deixa-me amar-te em minha solidão
    Ainda que meus labirintos te confundam
    E que teus fios generosos de compreensão
    Emaranhem-se no tapete dos meus enigmas

    Deixa-me amar-te sem qualquer explicação
    Na ternura das tuas mãos que me sorriem
    Escrevendo desejos em versos despidos
    Na minha alva tez que te cobre e descobre

    Deixa-me amar-te em meus segredos
    Para que desvendes o que também desconheço
    A alma dos meus abismos onde anoiteço
    E meus olhos adormecem embalados pelo mistério

    Deixa-me amar-te em tuas demoras, longas horas
    Em que meu corpo se veste de céu à tua espera
    E minhas mãos em frenesi acendem estrelas
    Para alumiar-te, ainda que ausente estejas..."

    Fernanda Guimarães

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