quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

haverá talvez























Haverá talvez um modo de amanhecer
que revele nos olhos o secreto ardor
com que se levanta o trigo enorme.

Haverá talvez um lago que a noite não toque
e de dia em dia, como ontem, como amanhã,
cante a mulher que ali foi ver nascer o filho.

Haverá talvez um suor que não o do sacrifício
e com o qual a pele cintile como uma borboleta
que vem descendo o céu até à flor dos teus lábios.

Haverá talvez uma fala onde nos poderemos encontrar
sem que a tua mão esqueça a minha, sem que o sorriso
esconda o vazio, uma fala que só possa e saiba dizer nós.

Haverá talvez um poema em que o soluço aperte as veias
como o rio aperta o mar, um poema em que eu e tu
dormimos sobre o luminoso esplendor do universo.





Vasco Gato



























7 comentários:

  1. E haverá sempre um talvez.
    Porque sem ele a poesia desmaia.
    A terra onde ele é plantado fecunda.
    Alertado pelo cerco das certezas,
    tendeu o talvez a ser apenas um fio.
    Mas talvez ele retome o seu espaço,
    em outro local, interior, seguro.
    Talvez...talvez.

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  2. Talvez Djabal, um talvez com todas as possibilidades em aberto...

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  3. ah... este conhecia.
    e até já o tinha agendado para um dos próximos dias.
    :)

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  4. antecipei-me josé luis.
    eu não tenho nada agendado, nunca agendo por aqui. às vezes ficam-me debaixo de olho...

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  5. agendado é realmente um exagero. também não agendo grande coisa. é como diz, são poemas que ficam a pairar, sabemos que gostamos deles e que mais tarde ou mais cedo aparecerão no mural...

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  6. exactamente, como aqueles que lhe hei-de roubar:))
    bed time! boa noite!

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