A chuva cai com força lá fora, a hora de jantar vai lá
longe, tudo o que se ouve aqui é esta música que por um milagre qualquer nos
juntou num inverno estranhamente frio para os dois. E isto que escrevo a medo
sou eu a chamar por ti, na sala vazia; a achar que já não sou talhada para
tanta escuridão, tudo porque me resgataste de uma tristeza infligida à qual eu
nunca soube fugir, e que agora renego e afasto e não sei aceitar. Isto sou eu a
recordar certos momentos – e porque não sei dizer amor – só cantá-lo ou então
chorá-lo, relembro os beijos ao canto da boca, os abraços apertados e o
entusiasmo infantil das nossas gargalhadas. Quando cá não estás, em noites
assim, imagino-te a dizeres a nossa casa. Eu a fazer de conta e tu, vezes
sem conta, a repetires até eu ouvir - a nossa casa. Até que
finalmente eu acredite, quando já não restarem mais dúvidas ou fantasmas; nós
juntos a flutuar dentro de um sonho. Isto sou eu a fazer perguntas proibidas, a
admitir que não sei lidar com o bem que me fazes, e o tanto que me apetece
pedir desculpa por ser insegura. Mas aproximas-te sem sequer me dares tempo
para pensar ou correr. E eu a olhar para ti assim, a pensar que queria
conhecer-te desde sempre, saber das tuas histórias e aventuras, ao pormenor. E
depois fingir-me um bocadinho chocada só para te sentir mais perto, com os teus
braços a envolverem-me, a conseguir adormecer na certeza profunda de ser
feliz contigo. Nessas alturas, não fosse a falta de jeito, podia confessar-te o
momento exacto em que me apaixonei por ti.
vanessa
que surpresa... :))))
ResponderEliminar(obrigada*)
eu é que agradeço :)
ResponderEliminarbj*