persegue-me à toa. nunca
pares para pensar.
esquece as ruas. os teus
caminhos estão em
mim.
abre os olhos como o postigo
de um pequeno e delicado esconderijo, e
deixa o vento entrar.
recolhe o riso e fragrância terna
das flores na primavera. afasta
os lábios em pétalas vermelhas de
paixão. deixa-me roubar-te esse húmido pólen.
deixa que a sede se
sacie à tona dos teus olhos, onde
pretendo cegar.
desenlaço o corpo do teu e
demoro longo tempo a
perceber os meus contornos, assim
como a estátua demora a
esquecer a forma desfigurada
da pedra que lhe deu origem.
se te alheares, visito-te por
dentro de mim e juro
não acordar enquanto
não vieres pedir desculpa.
fico só, sabendo
que todos os objectos têm a
forma do teu corpo, e
todos os sons se reconduzem
à tua voz. não deambulo
pela casa – excessiva de ti – fujo-lhe
na ausência de movimento e
no desejo de ficar absolutamente
só. lembro-me de como não gostas
de me ver chorar.
valter hugo mãe
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