Obcecado pela linguagem escrita, monólogo gráfico esperançado apenas na réplica mental de hipotéticos leitores, quase que me esquecera de reparar no milagre da oralidade, da comunicação directa, franca, livre, sem ambições quiméricas de antologia e perenidade. A palavra temperada pelo sal da boca, arredondada pela graça labial, ágil ou morosa consoante a urgência da oração, e sempre ajudada pela presença e atenção dos ouvintes. A repetição permitida, e até desejada em certos momentos, o gesto a sublinhar e a fortalecer a intenção, os próprios silêncios a colaborar na significação e clareza do discurso.
Álvaro de Campos - Ai, Margarida
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*Ai, Margarida,*
*Se eu te desse a minha vida,*
*Que farias tu com ela?*
*— Tirava os brincos do prego,*
*Casava c'um homem cego*
*E ia morar para...
Há 50 minutos
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