O espelho enche-se com a tua
imagem; e queria tirá-lo da tua
mão, e levá-lo comigo, para
que o teu rosto me acompanhe
onde quer que eu vá.
Mas sem ti, o espelho
fica vazio; e ao olhá-lo, vejo
apenas o lugar onde estiveste, e
os olhos que os meus olhos procuram
quando não sei onde estás.
Por que não fechas os olhos
para que o espelho te prenda, e
outros olhos te possam guardar,
para sempre, sem que tenham de olhar,
no espelho, o rosto que eu procuro?
Nuno Júdice
"Solta-me as mãos
ResponderEliminarE deixa livre o meu coração!
Deixa que os meus dedos percorram
Os caminhos do teu corpo.
A paixão – sangue, fogo, beijos –
Incendeia-me em labaredas trémulas.
Ai, tu não sabes o que é isto!
É a tempestade dos meus sentidos
Dobrando a selva sensível dos meus nervos.
É a carne que grita, com suas línguas ardentes!
É o incêndio!
E está aqui, mulher, como um tronco intacto.
Agora que a minha vida feita de cinzas voa
Até ao teu corpo cheio, como a noite, de astros!
Deixa-me livres as mãos
E deixa livre o meu coração!
Só te desejo a ti, a ti só desejo!
Não é amor, é um desejo que se esgota e que se extingue,
É a precipitação de fúrias, aproximação do impossível.
Mas tu estás aí.
Estás para me dares tudo,
E para me dares o que tens, à terra vieste –
Como eu, para te ter
E te desejar,
E te receber!"
Pablo Neruda
Paula,
ResponderEliminarqueria ter um terço da sensibilidade que você tem e que tão bem sabe fazer uso dela. Nas escolhas dos poemas, nas imagens... os temas.
Às vezes me pergunto que faço aqui, nessa rede, como administradora de um blog que nada tem a dizer, ou acrescentar. Ou porque não tem coisa alguma a ser dita, ou porque não há mesmo. Quando não é assim, as frases cortadas, palavras inventadas...
É!
Uma forma de interagir fechada em torno de mim mesa. Na velha história, de mim, para mim mesma. Talvez, num ato egoísta. Ou muito egoísta. Um cenário sóbrio, um verdadeiro caos.
Ainda me pego surpresa quando constato que alguém passa lá. Mesmo que seja 1, ou 2 acessos diários, nunca passa disso. Um blog anônimo em todos os sentidos: sem configuração no google, sem perfil aberto e com comentários restritos aos lugares onde só acredito que valha a pena.
Em torno de minhas sombras, sobriamente, vou resistindo e todos os dias quando acordo a primeira coisa que me ocorre é me perguntar 'por quê?".
Durmo sem respostas, acordo em dúvidas, até perceber que nada muda... e que a vida, a vida é apenas essa coisa cá, chamada vida umas vezes... outras, morte.
Porque há um coração que bate, por instinto... apenas! e isso é muito pouco para alguém como eu.
Mas hoje é sábado e não é dia de tristeza.
Bom fim de semana!!
[do Brasil, toma lá um beijo e um carinho em especial pela consideração e respeito que tenho a você, 'minha única leitora' e a mais importante de todas]
Ah, sim!
ResponderEliminarNúmeros, pouco me importam! e só fiz o registro porque entrei no seu blog pelo 'sitemeter' e aí... aí!
Isso.
*Ouça as músicas do link, para alguma nostalgia, sem tristeza!!
Epee, a escolha dos poemas, está no título deste blog, são espelhos, imagens de mim que vejo nas palavras dos outros.
ResponderEliminarNo modos-de-olhar, sou por dentro, é o mundo em mim, é contentor de lixos domésticos sem separação ecológica, são descargas de visicula, vómitos, como digo às vezes, são entranhas. Motivo para o fazer? Porque não? É um depósito para a minha memória podre recordar que já sentiu, que viveu.
Quem e quantos passam...às vezes espreito também, mas nem que seja por um apenas, que se identifique, que encontre uma resposta, que abra uma janela, que me ajude numa angústia. Vale a pena, sim, e não tem efeitos secundários negativos. Por isso, porque não?
Só no outro dia, ao procurar frestas por onde entrar, descobri que algumas das suas imagens têm música. Ficou-me um sorriso...há sempre uma forma de chegar, de romper o espaço.
A vida é dura, mas vale a pena, aprende a ver que vale a pena. Eu adormeço agradecendo cada dia e pedindo lucidez para o dia seguinte. Eu acordo agradecendo porque acordei e pedindo para ver um pouco mais além do que aquilo com que me deparo todos os dias.
Os meus dias são vulgares, desde que acordo até que me deito, o meu intervalo para o café é por aqui, pela sua/vossas páginas onde sempre aprendo.
Obrigada, e um beijo português para si, porque vale sempre a pena, como diz o poeta 'tudo vale a pena se a alma não é pequena'