Chegámos tarde a nós.
Eu tinha a pele gasta, o coração no fio.
Tu eras um longo muro de cimento areado
em que deixava a carne inteira
a caminho do encontro.
A primavera ficava-nos sempre
à esquerda, e tu cada vez mais
dentro de mim até não sentir nada,
até estares já do outro lado.
Para trás, a cova matinal na almofada,
o postal entre a leitura suspensa,
o número a chamar de um fantasma.
Se apagar as marcas de onde pousaste
a cabeça sobre a minha vida,
se ganhar novo espaço para o fôlego,
faz-me só um favor:
nunca mais me reconheças.
inês dias
Sublime. Maravilhoso de ler. Tarde mas a tempo
ResponderEliminar.
Abraço
Obrigada, Ricardo
EliminarOlá Ana!
ResponderEliminarFaz-nos um favor, aparece mais vezes. :)
obrigada, Luís :)
Eliminarnem sempre nas páginas que abro, encontro espelhos, e, isso é uma condição deste blog :)
Um belo poema que recupera marcas que se deseja
ResponderEliminarEspero que a noite de consoada tenha sido passada com saúde, amor, se possível com a família, e/ou amizades de coração, e que se prolongue por este dia de Natal.
ResponderEliminarCumprimentos poéticos.
..um belo poema dolorido.. adequado para a época de fim de ano...Obrigado!!
ResponderEliminar«a primavera ficava-nos sempre à esquerda e tu cada vez mais dentro de mim até não sentir nada» - sublime.
ResponderEliminar