POSTAIS SEM SELO
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*«Não respondi. Voltei a acender o cachimbo. Faz-nos parecer pensativos
quando não estamos a pensar em nada».*
*Raymond Chandler em Perdeu-se Uma Mulher*
Bob Dylan's 2004 Interview
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* This is a great interview. It was Dylan’s first television interview
in almost 20 years. Solid performance by him and Mr. Ed Bradley as well.*
*...
A minha leitura atual
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Há um mérito discreto nos livros medíocres, esses fiéis companheiros de
noites de insónia e viagens de comboio, que não exigem mais do que uma
atenção dist...
Calendário
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Depois da humilhação na Casa Branca, que tanta comoção trouxe, pelos vistos
o acordo sobre os minerais está próximo. O acordo sobre a paz é que é do
ca...
Sentimentos ocultos
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Hoje apetece-me escrever palavras sentidas
Tirar de mim este frio que tanto me arrefece
Palavras de amor que curem abertas feridas
Mas não consigo, nem ...
eugénio de andrade / as mãos e os frutos
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VIII
Foi para ti que criei as rosas.
Foi para ti que lhes dei perfume.
Para ti rasguei ribeiros
e dei às romãs a cor do lume.
Foi para ti que pus n...
SOB A LÍNGUA DA CHUVA
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Meninos feitos de nuvens tremem de medo, dentro de conchas vazias.
Beijam-se na fronte. Uma estátua, em mármore febril, abre a boca e devora
as sombras. _ ...
Um pacho contra a solidão
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Leio numa rede social uma frase do saudoso Paul Auster (de quem li muitos
romances e que tive o prazer de conhecer pessoalmente em Lisboa) que faz
tocar ...
attire...
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*My love is in a light attire *
*Among the apple trees, *
*Where the gay winds do most desire *
*To run in companies. *
*There, where the gay winds stay to ...
Paredes brancas...
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Ainda não tínhamos visitado um amigo, lá por casa.
Nos últimos anos os nossos encontros eram feitos quase sempre nos nossos
espaços preferidos, como "es...
CONTAR COM OS LEITORES
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O meu livro OLHOS NOS OLHOS é candidato a MELHOR LIVRO DO ANO na área não
ficção da livraria Bertrand. Foi, de todos os que escrevi, aquele que me
fez ...
José Jiménez Lozano (O olho do mundo)
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EL OJO DEL MUNDO
Tras la lluvia,
en el jardín de arena,
un guijarro negro relucía
como el ojo del mundo.
Y quizá lo era.
*José Jiménez Lozano *
...
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As paisagens estão frias,
alguém impôs um limite à música,
respiração que nos iluminou noutros dias.
Houve ordens nesse sentido,
e é para o teu próprio bem...
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Este ano o verão atravessou Lisboa. O verão foi invisível. Atravessou a
cidade e os outros levou do meu corpo memórias do teu nome. joão miguel
fernandes j...
M de Merry Little Christmas (II)
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"[...]
No Natal, uma amiga mandou-me um cartão de boas festas da Unicef com um
Anjo da Anunciação de Fra Angelico. Tenho-o em exposição no meu quarto...
PELE DE PAREDE
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Os azulejos de Gilberto Renda são pele de parede,
Os painéis de madeira, nas salas da preciosa Vila Idalina,
Os antigos papeis de parede da Casa Vermelha,
Os...
Tragédia no Mar
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"Tragédia no Mar" é a denominação do feliz grupo escultórico de José João
Brito, visto aqui na tarde de hoje. Inspirado numa tela de Augusto Gomes, o
monum...
No meio do ruído das coisas.
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Duas despedidas tristes: a de Paulo Tunhas (1960), filósofo, cronista,
poeta, professor; e a de Luís Carmelo (1954), romancista, professor, poeta,
ensaís...
CARLOS POÇAS FALCÃO
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[TODOS OS DIAS VIAJO PARA A CULPA]
Todos os dias viajo para a culpa.
É lá onde trabalho, movendo e removendo
juízos e vergonhas, vergando-me nas margens
do...
ninguém conhece o infinito
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A culpa é tua se dizes sempre
o mesmo nome
se tens sempre a mesma idade
e a mesma casa, se quando
revelas a tua identidade
é impossível que o céu te explud...
FATIADA
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Era o céu inteirinho que chovia, como se fosse castigo, alagando tudo em
redor.
Como se o mundo se aglomerasse para chorar, acotovelando-se na visão
catas...
POEMAS DE MARGARET RANDALL
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Foto de Robert Giard, 1998.
*Sospecha y parábolas vacías*
Viajamos a alguna parte
pero no tenemos mapa.
Las líneas de mi palma relucen
como corriente el...
Que seja eterno
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Mas de nenhum destes modos te sei amar, tão fraco ou inábil é o meu
coração, de modo que, por o meu amor não ser perfeito, tenho de me
contentar que seja e...
Uma Alma Inquieta
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Eu sabia há três anos que Ela me viria bater à porta a qualquer momento,
mas não sabia como seria informado da sua chegada.
Desde Maio que peço, quase dia...
sem que ele note
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tão longe vai o tempo em que ele morria em mim. acontecia aos poucos, a
imagem dele a querer fugir do meu peito, ele a ausentar-se lentamente dos
meus ...
Tempo
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Eu não amava que botassem data na minha existência. A gente usava mais era
encher o tempo. Nossa data maior era o quando. O quando mandava em nós. A
gente ...
É isto o Amor
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Em quem pensar, agora, senão em ti? Tu, que
me esvaziaste de coisas incertas, e trouxeste a
manhã da minha noite. É verdade que te podia
dizer: «Como é ma...
Pó dos Livros
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Setembro de 2007, abrimos as portas, e já nessa altura planava sobre nós o
abutre. Nunca passava para cá da linha da porta. No entanto, rondava de
perto...
Burrinho
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Fui à procura de um caderno para escrever. Volto a ter vontade de
escrever. Não quero, não sou capaz, de escrever frases, textos, quero
apenas apontar as ...
o escritor enquanto cão-guia
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Grassa, em lusas terras, já há algum tempo, o paradigma do escritor como
«cão-guia». O leitor ou leitora, pitosga ou mesmo ceguinho deverá ser
levado pela ...
tomorrow never comes (III)
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Tentava escrever
o esboço - vestígio do corpo,
a macia semente do vento
a traço de giz
da cor do barro, da cor da nuvem carvão;
acontecia o espinho, o p...
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Um corpo sem véu, despojado do barulho do mundo. Apenas o grão da pele para
o vestir. Um corpo nu, imóvel e cheio de estorias caóticas e cicatrizes.
Um co...
Saídas a dois
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Estava tudo combinado para aquele final de tarde: saía do trabalho direta à
escola, entravamos juntos no carro, sorridentes e enamorados, e seguíamos
para...
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demasiado depressa o silêncio
de braços inertes
não consigo alcançar-te
ou olhar-te sequer
nem colher a tempo tudo o que devia
(tudo o que julgo que de...
Carta a Paris 16 de Março de 2015
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16 de Março 2015
10:07
Está frio. O céu, imenso e de um cinza quase branco, leva-me os sentidos e
a minha vontade. Ainda assim decidi ir a Paris, onde te...
1930-2015
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não chamem logo as funerárias,
cortem-me as veias dos pulsos pra que me saibam bem morto,
medo? só que o sangue vibre ainda na garganta
e qualquer mão e ...
SANTO ANTONINHO DOS ESQUECIDOS
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* para o José Carlos Soares*
O esquecimento tem portões
fechados e velas a acordar
o crepúsculo enquanto o vento
sop...
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Vestiu-se de nevoeiro e foi dançar
pés de musgo
mão na anca e outra estendida no ar
gotas de chuva mansa no olhar
um peso leve
acariciando a terra húmida
em...
Espaço : se alguém disser que morri...
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Robert & Shana Parkeharrison
*se alguém disser que morri, avança até à varanda do céu,*
*escuta a noite e recolhe o meu corpo da espuma dos planetas.*
*nã...
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