sábado, 24 de junho de 2017

tu unes de novo as minhas asas à curva do céu
















Todas as minhas fontes vêm de ti
As nascentes
E amo-te com a constância do moribundo que respira
Já sem saber de que lado o visita a morte

Procuro a ligação entre ti e a luz muito miudinha depois dos temporais
Entre a luz e os estilhaços nas ruas bombardeadas
Desconheço o colar onde unes tudo

Procuro entender como é que moldas
Os meus pés ao equilíbrio que os desloca no chão
Sei que és tu que me levantas
Que remendas o meu corpo cada dia

Em ti encontro a pulsação
Que rebenta - uma artéria como nunca
Tinha jorrado. Cratera onde durmo
Recluso, árvore à chuva
Em dificuldade extrema 
De respiração

Ponho a cabeça entre os ramos, lanço os braços para fora
Como um pássaro entre um bando 
De disparos

Tu moves as agulhas, tu unes de novo
As minhas asas à curva do céu





Daniel Faria














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