quarta-feira, 26 de maio de 2010

Dormi contigo a noite inteira




























Dormi contigo a noite inteira
junto do mar, na ilha.
Selvagem e doce eras
entre o prazer e o sono,
entre o fogo e a água.





Talvez bem tarde nossos sonos
se uniram na altura e no fundo,
em cima como ramos
que um mesmo vento move,
embaixo como raízes vermelhas
que se tocam.





Talvez teu sono se separou do meu
e pelo mar escuro
me procurava como antes,
quando nem existias,
quando sem te enxergar
naveguei a teu lado e teus olhos
buscavam o que agora
- pão, vinho, amor e cólera - te dou,
cheias as mãos, porque tu és a taça
que só esperava os dons da minha vida.





Dormi junto contigo a noite inteira,
enquanto a escura terra gira
com vivos e com mortos,
de repente desperto e no meio da sombra
meu braço rodeava tua cintura.
Nem a noite nem o sonho
puderam separar-nos.



Dormi contigo, amor, despertei,
e tua boca saída de teu sono
me deu o sabor da terra,de água-marinha,
de algas, de tua íntima vida,
e recebi teu beijo molhado pela aurora
como se me chegasse do mar
que nos rodeia.









Pablo Neruda








6 comentários:

  1. "Não é sobre a solidão. É sobre a tua ausência no lugar íngreme da minha pele." (Valter Hugo Mãe)

    "A uma luz perigosa como água
    De sonho e assalto
    Subindo ao teu corpo real
    Recordo-te
    E és a mesma
    Ternura quase impossível
    De suportar
    Por isso fecho os olhos
    (O amor faz-me recuperar incessantemente o poder da
    provocação. É assim que te faço arder triunfalmente
    onde e quando quero. Basta-me fechar os olhos)
    Por isso fecho os olhos
    E convido a noite para a minha cama
    Convido-a a tornar-se tocante
    Familiar concreta
    Como um corpo decifrado de mulher
    E sob a forma desejada
    A noite deita-se comigo
    E é a tua ausência
    Nua nos meus braços"

    Alexandre O'Neill

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  2. 'Te extraño
    Como se extrañan
    las noches sin estrellas
    Como se extrañan las mañanas bellas
    No estar contigo, por dios
    que me hace daño

    Te extraño
    Cuando camino, cuando lloro, cuando rio
    Cuando el sol brilla,
    cuando hace mucho frío
    Porque te siento como
    algo muy mio

    Te extraño
    Como los árboles extrañan el otoño
    En esas noches
    que no concilio el sueño
    No te imaginas amor,
    como te extraño

    Te extraño
    En cada paso que siento solitario
    Cada momento que
    estoy viviendo a diario
    Estoy muriendo amor
    porque te extraño

    Te extraño
    Cuando la aurora
    comienza a dar colores
    Con tus virtudes, con todos uts errores
    Por lo que quieras
    no sé,
    pero te extraño

    Te extraño
    Como los árboles extrañan el otoño
    En esas noches
    que no concilio el sueño
    No te imaginas amor,
    como te extraño

    Te extraño
    En cada paso que siento solitario
    Cada momento que
    estoy viviendo a diario
    Estoy muriendo amor
    porque te extraño

    Te extraño
    Cuando la aurora
    comienza a dar colores
    Con tus virtudes, con todos uts errores
    Por lo que quieras
    no sé,
    pero te extraño

    Te extraño...'



    Armando Manzanero Canche

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  3. Ouvi h´´a uns anos a Concha Buika num concerto dedicado a Manzanero em que cantou extraordinariamente essa canção. Como não a encontrei mando uma versão deste senhor

    http://www.youtube.com/watch?v=Crme05HUEK8

    e um beijo... em ti

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  4. obrigada vasco victor.

    mas gosto mais lido do que ouvido...

    bom trabalho para ti, à luz do dia

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  5. E de folga logo quando sair hoje :)
    E gosto de trabalhar a luz do dia, não gosto é de acordar às cinco da manhã :)

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  6. imagino a tua vida como uma imagem fractal, igual e no entanto aparentemente diferente , reproduzindo-se até ao infinito.

    talvez seja por isso que confundo vasco com victor, ou não

    boa folga, folgaria com gosto também

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