terça-feira, 15 de junho de 2010

Quis distrair-me de ti e acabei por distrair-me de mim


























Nada me entretém. Quis distrair-me de ti e acabei por distrair-me de mim.
Telefonaste e não atendi. Partira. Para qualquer um outro lugar. Não perguntaste se voltava. Não interessa.
E eu estava mesmo ali. Mas apesar de tudo partira. O meu lado B, a minha cassete estragada, aquilo a que odiosamente chamavas o meu outro eu.
Ser capaz de partir é maior e mais forte do que ter vontade de voltar. Mas tu não entendes. Ainda não podes entender.
Quero-te bem. E por isso não te ralho. Seria incapaz de ralhar-te.
Não sei ainda se posso duvidar da certeza, se posso adormecer sóbrio e confiante nos lençóis da tua ausência. Não sei.
Ligo a televisão. Quero distrair-me com qualquer porcaria que me atirem para os olhos. Por momentos peço ao ecrã que me cegue, que me cegue para não mais poder ver o vazio, que me cegue para não mais saber dessa cama vazia, dessa poltrona desocupada, desse candeeiro desligado. Cega-me. Cega-me de uma vez para que a luz da tua ausência não volte a ferir-me os olhos.
E se puderes telefona. Quero perguntar-te se voltas.





Isa Mestre













2 comentários:

  1. uma imagem que dispensa qualquer palavra.



    \\@.
    boa sorte pra seu Portugal e pra meu Brasil na Copa,
    um abraço!

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  2. na ausência de palavras imagens

    boa sorte para o seu Brasil. eu tento não ver os jogos do mundial. sofro por todos juntos, pelos nossos, pelos outros, pelos treinadores, pelos adeptos... enfim, sou um totó mesmo.

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