quarta-feira, 12 de maio de 2010

não era minha intenção dizer-te nada



































Digo-te por isso
que não me obrigues à luz.
Que escrever não é fácil,
que viver não é fácil
quando começamos a frase a meio.
Que lavo a cara ao chegar tão tarde
e mesmo assim o dia não se despega,
e mesmo assim
tu não estás, ninguém está.
Que não tenho espaço na minha secretária,
na minha vida, na minha cama
para tanto espaço.
Que já me disseram urbana,
e nem por isso me disseram decadente,
e que eu gostei.
Que já me disseram
muitas vezes
disfarçadamente triste,
e que por isso, por ser triste, por
sermos todos tristes, não mo deviam dizer.
Digo-te por isso
que não era minha intenção dizer-te mais uns versos
tristes e sem luz, e por isso, só por isso,
não era minha intenção dizer-te nada.










Filipa Leal





























18 comentários:

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  2. Eu estou... estou sempre por aqui como vês :) e mesmo assim há tanto que não sei de ti... não sei, por exemplo, "de que cor são os navios quando naufragam no meio dos teus braços..."

    Com em beijo, Vasco (teu)

    "Não sei de que cor são os navios
    quando naufragam no meio dos teus braços
    sei que há um corpo nunca encontrado algures no mar
    e que esse corpo vivo é o teu corpo imaterial
    a tua promessa nos mastros de todos os veleiros
    a ilha perfumada das tuas pernas
    o teu ventre de conchas e corais
    a gruta onde me esperas
    com teus lábios de espuma e de salsugem
    os teus naufrágios
    e a grande equação do vento e da viagem
    onde o acaso floresce com seus espelhos
    seus indícios de rosa e descoberta.

    Não sei de que cor é essa linha
    onde se cruza a lua e a mastreação
    mas sei que em cada rua há uma esquina
    uma abertura entre a rotina e a maravilha
    há uma hora de fogo para o azul
    a hora em que te encontro e não te encontro
    há um ângulo ao contrário
    uma geometria mágica onde tudo pode ser possível
    há um mar imaginário aberto em cada página
    não me venham dizer que nunca mais
    as rotas nascem do desejo
    e eu quero o cruzeiro do sul das tuas mãos
    quero o teu nome escrito nas marés
    nesta cidade onde no sítio mais absurdo
    num sentido proibido ou num semáforo
    todos os poentes me dizem quem tu és."

    Manuel Alegre

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  3. sempre aqui, não. há 'a hora em que te encontro e não te encontro(...)há um mar imaginário aberto em cada página', e, não, não naufragam navios nos meio dos meus braços, e quanto a manuel alegre, não gosto tanto assim, tenho que entender o que leio e ele escreve para dentro dele, não para fora.

    fica bem vasco.

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  12. há sempre dias, páginas em branco para escrever, reescrever e até para deixar estar.

    há sempre frases para completar ou alterar, é como a vida epee, tudo partículas da vida inteira.

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  13. às vezes epee, a não publicação de comentários é falha no blogger...

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  14. aprendemos bem, é com as cabeçadas que damos, não é. digo sempre, só a doer é que se aprende mesmo

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  15. epee, quando não fala por palavras, fala por imagens, não esqueça. há tantas formas diferentes de linguagem, de expressão. não necessariamente palavras

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  17. não sendo minha intenção em dizer-te nada, acabei dizendo...




    @|
    um abraço, Paula e obrigada.

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  18. epee, o blogger não está a editar comentários.

    se quiser que eu apague diga.

    eu sei muito bem que a vida doi às vezes de um jeito em que viver cansa tanto que se tem vontade de não continuar. mas faça como eu por favor, um pé atras do outro, um passo atrás do outro, dê de cada vez mais um dia à sua vida, um de cada vez...a vida muda, saibamos esperar.

    força epee, dê uma oportunidade à vida.

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