Para escrever-te não preciso de quase nada.
Basta-me entender que és essencialmente o vazio.
Entender que, tal como as casas,
Também nós nos vamos construindo.
E os tijolos pesados, tantas vezes.
Os tijolos a ferir-nos as mãos,
Os tijolos a cair nos pés como grilhetas,
Os tijolos como palavras atiradas para o meio do caminho,
Os tijolos. Pesados.
Como as palavras.
Tantas vezes dispensáveis, tantas vezes inúteis.
Como quando apareceste.
As palavras a fugir-me por entre os dedos das mãos,
A deambular na inocência de um olhar que se perde, que se perde sempre.
E da vida, ficam apenas os vazios.
Os espaços onde nenhuma palavra consegue entrar.
Os espaço onde nenhuma palavra poderia entrar.
- Mesmo que quisesse?
- Mesmo que quisesse.
Isa Mestre
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