quinta-feira, 13 de maio de 2010

con un dedo toco el borde de tu boca


































Toco tu boca, con un dedo toco el borde de tu boca, voy dibujándola como si saliera de mi mano, como si por primera vez tu boca se entreabriera, y me basta cerrar los ojos para deshacerlo todo y recomenzar, hago nacer cada vez la boca que deseo, la boca que mi mano elige y te dibuja en la cara, una boca elegida entre todas, con soberana libertad elegida por mí para dibujarla con mi mano en tu cara, y que por un azar que no busco comprender coincide exactamente con tu boca que sonríe por debajo de la que mi mano te dibuja.

Me miras, de cerca me miras, cada vez más de cerca y entonces jugamos al cíclope, nos miramos cada vez más de cerca y los ojos se agrandan, se acercan entre sí, se superponen y los cíclopes se miran, respirando confundidos, las bocas se encuentran y lucham tibiamente, mordiéndose con los labios, apoyando apenas la lengua en los dientes, jugando en sus recintos donde un aire pesado va y viene con un perfume viejo y un silencio. Entonces mis manos buscan hundirse en tu pelo, acariciar lentamente la profundidad de tu pelo mientras nos besamos como si tuviéramos la boca llena de flores o de peces, de movimientos vivos, de fragancia oscura. Y si nos mordemos el dolor es dulce, y si nos ahogamos en un breve y terrible absorber simultáneo del aliento, esa instántanca muerte es bella. Y hay una sola saliva y un solo sabor a fruta madura, y yo te siento temblar contra mí como una luna en el agua.





 

Julio Cortázar


































3 comentários:

  1. E às vezes sinto saudades tuas... fica... para sempre

    Vasco (teu)

    "...Onde menos te encontro é onde tu exististe. Desprendeste-te donde estiveste e é em mim que mais me acontece tu estares. Mas nem sempre. Quantos dias se passam sem tu apareceres. E às vezes penso é bom que assim seja, para eu aprender a estar só. Mas de outras vezes rompes-me pela vida dentro e eu quase sufoco da tua presença. Ouço-te dizer o meu nome e eu corro ao teu encontro e digo-te vai-te, vai-te embora. Por favor. E eu sinto-me logo tão infeliz. E digo-te não vás. Fica. Para sempre. Há em mim uma luta entre o desejo de que te esqueça e o de endoidecer contigo. Porque tu foste de um mundo incorruptível onde o tempo não passa e é aí que tu moras no eterno de ti. Mas nem sempre consigo ver-te na emoção que me abala ao lembrar a tua imagem. Como nem sempre me emociona ouvir certas músicas ou olhar um quadro ou reler um poema. Ou olhar uma estrela, uma flor. Há em nós o dom perverso de só raramente ver o outro lado das coisas onde mora o seu mistério. Lembro-me assim de às vezes procurar na tua face a outra face que lá não estava e era a mais bela de ti..."

    Vergílio Ferreira

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  2. esta noite apeteceu-me escrever-te em vez de transcrever-te.
    para sempre é sempre para sempre, um segundo, um minuto, todo o tempo. para sempre pode até ser nunca mais.

    também procuro os teus modos de falar na caixa do correio.

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  3. Para sempre é bom :) gosto do eterno e do infinito, mesmo que seja só ilusão, gosto da sensação de que as coisas boas podem ser eternas, e são-no, nem que seja só o instante em que são boas.

    E disse algures que gostava do toque, lembrei-me de um poema que vou tirar uma frase para se tornar em prosa "Sem te tocar vives-me nas mãos..." (Nelson d'Aires) e deixo-te com o sabor a mim e um beijo (eterno)
    Vasco (teu)
    http://www.youtube.com/watch?v=mbCG6l26n4k

    (Adoro Lila Downs, acho que é a unica pessoa de quem gosto a cantar esta canção)

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