Conheço o sal da tua pele seca
depois que o estio se volveu inverno
da carne repousando em suor nocturno.
Conheço o sal do leite que bebemos
quando das bocas se estreitavam lábios
e o coração no sexo palpitava.
Conheço o sal dos teus cabelos negros
ou louros ou cinzentos que se enrolam
neste dormir de brilhos azulados.
Conheço o sal que resta em minha mãos
como nas praias o perfume fica
quando a maré desceu e se retrai.
Conheço o sal da tua boca, o sal
da tua língua, o sal de teus mamilos,
e o da cintura se encurvando de ancas.
A todo o sal conheço que é só teu,
ou é de mim em ti, ou é de ti em mim,
um cristalino pó de amantes enlaçados.
de Jorge de Sena
Mas espera-me, guarda (me) a tua doçura e eu te darei uma rosa...
ResponderEliminarVasco (teu)
"Mal te deixo,
continuas em mim, cristalina
ou trémula,
ou inquieta,por mim mesmo ferida
ou cumulada de amor, quando os teus olhos
se fecham sobre o dom da vida
que sem cessar te entrego.
Meu amor,
encontrámo-nos,
sedentos, e bebemos
toda a nossa água e todo o nosso sangue,
encontrámo-nos,
com fome,
e mordemo-nos
como o fogo morde,
deixando-nos em ferida.
Mas espera-me.
Guarda a tua doçura.
Eu te darei uma rosa!"
Pablo Neruda