sexta-feira, 14 de maio de 2010

gota a gota, do coração



















Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.



Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.



E nestes versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.



- Eu faço versos como quem morre.










de Manuel Bandeira 











1 comentário:

  1. E é ara ti que os copio, pela ternura que me inspiras :)
    Vasco (teu)

    "Desvio dos teus ombros o lençol,
    que é feito de ternura amarrotada,
    da frescura que vem depois do sol,
    quando depois do sol não vem mais nada...

    Olho a roupa no chão: que tempestade!
    Há restos de ternura pelo meio,
    como vultos perdidos na cidade
    onde uma tempestade sobreveio...

    Começas a vestir-te, lentamente,
    e é ternura também que vou vestindo,
    para enfrentar lá fora aquela gente
    que da nossa ternura anda sorrindo...

    Mas ninguém sonha a pressa com que nós
    a despimos assim que estamos sós!"

    David Mourão-Ferreira

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