quinta-feira, 20 de maio de 2010

Em que esbarro toda hora no espelho casual












De manhã cedo, essa senhora se conforma
Bota a mesa, tira o pó, lava a roupa, seca os olhos
Ah. como essa santa não se esquece de pedir pelas mulheres
Pelos filhos, pelo pão
Depois sorri, meio sem graça
E abraça aquele homem, aquele mundo
Que a faz, assim, feliz
De tardezinha, essa menina se namora
Se enfeita, se decora, sabe tudo, não faz mal
Ah, como essa coisa é tão bonita
Ser cantora, ser artista
Isso tudo é muito bom
E chora tanto de prazer e de agonia
De algum dia, qualquer dia
Entender de ser feliz
De madrugada, essa mulher faz tanto estrago
Tira a roupa, faz a cama, vira a mesa, seca o bar
Ah, como essa louca se esquece
Quanto os homens enlouquece
Nessa boca, nesse chão
Depois, parece que acha graça
E agradece ao destino aquilo tudo
Que a faz tão infeliz
Essa menina, essa mulher, essa senhora
Em que esbarro toda hora
No espelho casual
É feita de sombra e tanta luz
De tanta lama e tanta cruz
Que acha tudo natural






 
















4 comentários:

  1. E o meu dia amanheceu... cadê você?

    http://www.youtube.com/watch?v=FBwVN1RfnlI

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  2. tu amanheces ao entardecer e eu saio, para as minhas aulas.

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  3. "Eu esperava por ti, tu não vinhas, tardavas e eu entardecia"

    :) Fizeste-me lembrar um dos poemas mais bonitos da musica portuguesa

    Aqui interpretada pela Paula Oliveira e o Bernardo Moreira... as palavras são do Zé carlos

    http://www.youtube.com/watch?v=5PjF44pW1xQ
    Vasco (teu)

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  4. 'fora a noite mais longa de todas as noites que me acontecera...' cantado pelo carlos do carmo, há quantos anos!!!, a versão que aqui deixas ainda não vi.

    fica para depois, no sossego da noite.

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