(...) Contemplo as dunas, o casario contra a noite que se fecha, as luzes, o rio, as sombras das pessoas, o mar como uma lâmina sob a lua — e a ausência alastra em mim, cortante.
Sento-me onde, dantes, me sentava contigo, perto do farol. O que me rodeia move-se no interior surdo das suas próprias sombras. É um movimento invisível através de territórios que o olhar mal assinala. Concentro a minha atenção nesses lugares que a luz não pode alcançar. Lugares escuros onde se escondem receios antigos e desilusões.
Mantenho-me imóvel, tacteio o teu rosto diluído na salina claridade do entardecer.
Adormeço ou começo a subir o rio para fugir à imensa noite do mar.
…
Escreve-me, peço-te, enquanto a tua imagem permanece nítida perto de mim.
Vou prosseguir viagem assim que o dia despontar e o som do teu nome, gota a gota, se insinue junto ao coração.
Al Berto
Escrevo-te, escrevo para ti... e será que escrevo em ti?
ResponderEliminar"Escrevo
com os dedos ainda longos
da carícia"
Jorge de Sousa Braga
Escrevo... e só preciso que me digas que estás aqui, nestas páginas que escrevo para nunca te esquecer
Vasco (teu)
"Vem aos meus sonhos,
faz em mim a tua casa.
Planta, em frente, a cerejeira dos
pássaros brancos,
deixa que eles pousem nos ramos e cantem
eternamente,
deixa que nas suas asas de luz eu leia o meu
nome,
antes de os relâmpagos acenderem os prados.
Vem aos meus sonhos,
vê os labirintos por onde me perco,
vê os meus países do mar,
vê, em cada barco que parte do meu coração,
as viagens que não fiz,
os amores que não tive,
a luz cruel da minha solidão.
Vem aos meus sonhos,
traz um fio de água para as dálias do meu
quarto vazio,
não queiras que as suas pétalas sequem muito
depressa,
caindo pelos delicados muros de cristal,
apagando a cor que dava vida aos aposentos
do solitário.
Deixa que ele evoque a secreta doçura das
colmeias,
e vem,
vem aos meus sonhos,
ilumina o meu domingo de cinzas, o meu
domingo de ramos, o meu calvário,
diz que estás aqui,
nesta página que escrevo para nunca te esquecer."
José Agostinho Baptista
Escreve-me muitas vezes
ResponderEliminarcomo os percursos ininterruptos das formigas
o ritmo dos girassóis devolvidos à condição de flor
e o reflexo das nuvens no lado interior dos rios
guardados nas minhas mãos
Escreve-me tantas vezes
quantos os nocturnos quase-vazios entre as estrelas
os quebrantos de mar aos pés prateados da lua
e as intuições anunciadas na respiração dos dedos dos
amantes
Nunca deixes de me escrever
como se o tempo das palavras fosse o dos regressos
confirmado na existência e docilidade das pedras
Nunca deixes de me sentir
Sandra Costa
Todas as poesias belíssimas!
ResponderEliminar!@
gosto mesmo do que escreve e nos apresenta.
boa quinta, na véspera da sexta...
obrigada epee, gosto que goste.
ResponderEliminarboa quintinha