segunda-feira, 7 de novembro de 2011

diz-me o teu nome

























Diz-me o teu nome - agora, que perdi
quase tudo, um nome pode ser o princípio
de alguma coisa. Escreve-o na minha mão

com os teus dedos - como as poeiras se
escrevem, irrequietas, nos caminhos e os
lobos mancham o lençol da neve com os
sinais da sua fome. Sopra-mo no ouvido,

como a levares as palavras de um livro para
dentro de outro - assim conquista o vento
o tímpano das grutas e entra o bafo do verão
na casa fria. E, antes de partires, pousa-o

nos meus lábios devagar: é um poema
açucarado que se derrete na boca e arde
como a primeira menta da infância.

Ninguém esquece um corpo que teve
nos braços um segundo - um nome sim.





Maria do Rosário Pedreira








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4 comentários:

  1. rs...o nome ..A minha mãe sempre me ensinou :
    Sempre que escreveres uma carta a uma mulher não te esqueças nunca de mencionar o nome dela pelo menos 3 vezes durante a carta..rs..eE eu mantenho essa lição..claro agora nos mails..rs..faz-me bem vir aqui.bj

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  2. aí está um bom ensinamento. é bom ouvir e ler o nosso nome (agora que penso nisso:)).
    bj, Quim, fique bem.

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