Chegámos tarde a nós.
Eu tinha a pele gasta, o coração no fio.
Eu tinha a pele gasta, o coração no fio.
Tu eras um longo muro de cimento areado
em que deixava a carne inteira
a caminho do encontro.
A primavera ficava-nos sempre
à esquerda, e tu cada vez mais
dentro de mim até não sentir nada,
até estares já do outro lado.
Para trás, a cova matinal na almofada,
o postal entre a leitura suspensa,
o número a chamar de um fantasma.
Se apagar as marcas de onde pousaste
a cabeça sobre a minha vida,
se ganhar novo espaço para o fôlego,
faz-me só um favor:
nunca mais me reconheças.
Inês Dias
adjudicado! ;)
ResponderEliminarai ai!!!!
Eliminarparabéns pelo espaço de poesia! gosto imenso da selecção dos versos e da moldura das fotografias.
ResponderEliminarobrigada José. ainda bem que gosta.
EliminarMuito bonito. :)
ResponderEliminartambém acho ...
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