E é-me indiferente estar aqui. Sempre que posso fujo, fujo no olhar que cegou o meu. Porque eu fujo e vou com tudo aquilo que me chama e me toca. Vou com o azul dos olhos do marçano ali da esquina, vou com as folhas das árvores no Outono da minha rua, vou com a noite à procura da manhã sobre o rio. Vou pelos arranha-céus acima e contemplo dos altos terraços o sono esbranquiçado dos mortos. Vou com o teu corpo que me desgasta a memória doutros corpos e me transforma em esquecimento… vou, vou sempre, pela humidade dos cardos presos em tua boca.
Álvaro de Campos - Ai, Margarida
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*Ai, Margarida,*
*Se eu te desse a minha vida,*
*Que farias tu com ela?*
*— Tirava os brincos do prego,*
*Casava c'um homem cego*
*E ia morar para...
Há 1 hora
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