quinta-feira, 28 de maio de 2015

a minha ciência é moldar sonhos




















Terei que começar pelas palavras, sei que estão contigo, por isso me faltam. De ti guardo um cabelo que moldei de um fio de sol, um sorriso que encontrei na curva de uma onda, o aroma, extraído da fragrância de uma pétala. Por ti, busco na ciência o modo de te reconstruir a partir do que tenho — não encontro, não há elixir, processo ou encantamento. Para te recriar, crio uma ciência, a da ausência. Transformo as minhas horas de viver em horas de sonhar — a minha ciência é moldar sonhos. Neles, replico cabelos, sorriso, aroma; neles, as imagens em mim, tornam-se a matéria de ti. Na minha ciência escôo as horas, olvido a ausência, ofusco a saudade. E luto, a cada hora, luto, a cada minuto, luto, contra o maior inimigo de mim: despertar.










xilre






















1 comentário:

  1. Este é o típico post em que o silêncio retumba no cérebro, em que comentar significa um nada, pois o que queríamos é ficar lendo, e lendo, e lendo..., ficamos num vazio que não é oco.
    Muito, muito bom.
    Parabéns.
    Mary

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