INTERIOR
-
*É bom ouvir de noite uma trompa de caça*
*Despir muito depressa a túnica da Lua*
*E descobrir o amor no forro de uma casa*
*onde apenas vibrava a memór...
Camilo Castelo Branco (A cabeça de Bazílio)
-
(A cabeça de Bazílio)
José Fernandes, como o filho tivesse oito anos bem espigados, comprou-lhe
um ABC, e foi levá-lo á escola.
Era a cabeça de Bazíli...
writing...
-
*I don’t usually write because I’m too busy being afraid of it. Not of
writing but *
*the it. It’s more like breaking open a fruit. Not to taste but to see ...
Markku Laakso
-
* Markku Laakso, born 1970, was born and raised in Northern Lapland. A
few of his paintings feature nakedness and the Finnish sauna culture. Why
is ...
Da beleza de um bom fracasso
-
Nada há mais digno do que um fracasso bem conduzido. O sucesso, esse é
fácil de compreender e de glorificar — tem números, aplausos, fórmulas que
podem ser...
Correntes d'Escritas
-
Mais logo irei para as Correntes d'Escritas, na Póvoa de Varzim, onde
ficarei até ao final, acompanhando vários autores que publico e foram
convidados pa...
Estar perto e longe da minha vista...
-
Às vezes acontecem-nos coisas quase surrealistas, daquelas fáceis de
explicar e difíceis de entender.
Estávamos à distância da largura da rua, demasiado...
simples
-
o rapaz que já não é rapaz quase perde a paciência comigo
*tudo o que vês são figuras geométricas. é simples, não compliques. porque
é que as pesso...
O MOMENTO CERTO
-
Já alguma vez sentiu que ou se decidia naquele momento, ou este se perdia
para sempre?
A frase "*Há sempre um momento certo*" sugere uma reflexão pondera...
Dúvidas de Amor
-
Não deves, meu amor, de mim duvidar
Quando abro o meu imperfeito coração
Não duvides da força, da palavra amar
Quando amar, tem a pureza da emoção
.
Qua...
-
As paisagens estão frias,
alguém impôs um limite à música,
respiração que nos iluminou noutros dias.
Houve ordens nesse sentido,
e é para o teu próprio bem...
Autópsia a uma maçã
-
óleo s/ tela | Maria Azenha * Tu, que brilhavas como um sol no pomar, Agora
repousas sem cor e sem pressa. Os teus átomos, dançam no ar, espalham-se
agora ...
-
Este ano o verão atravessou Lisboa. O verão foi invisível. Atravessou a
cidade e os outros levou do meu corpo memórias do teu nome. joão miguel
fernandes j...
M de Merry Little Christmas (II)
-
"[...]
No Natal, uma amiga mandou-me um cartão de boas festas da Unicef com um
Anjo da Anunciação de Fra Angelico. Tenho-o em exposição no meu quarto...
PELE DE PAREDE
-
Os azulejos de Gilberto Renda são pele de parede,
Os painéis de madeira, nas salas da preciosa Vila Idalina,
Os antigos papeis de parede da Casa Vermelha,
Os...
Tragédia no Mar
-
"Tragédia no Mar" é a denominação do feliz grupo escultórico de José João
Brito, visto aqui na tarde de hoje. Inspirado numa tela de Augusto Gomes, o
monum...
No meio do ruído das coisas.
-
Duas despedidas tristes: a de Paulo Tunhas (1960), filósofo, cronista,
poeta, professor; e a de Luís Carmelo (1954), romancista, professor, poeta,
ensaís...
CARLOS POÇAS FALCÃO
-
[TODOS OS DIAS VIAJO PARA A CULPA]
Todos os dias viajo para a culpa.
É lá onde trabalho, movendo e removendo
juízos e vergonhas, vergando-me nas margens
do...
ninguém conhece o infinito
-
A culpa é tua se dizes sempre
o mesmo nome
se tens sempre a mesma idade
e a mesma casa, se quando
revelas a tua identidade
é impossível que o céu te explud...
FATIADA
-
Era o céu inteirinho que chovia, como se fosse castigo, alagando tudo em
redor.
Como se o mundo se aglomerasse para chorar, acotovelando-se na visão
catas...
POEMAS DE MARGARET RANDALL
-
Foto de Robert Giard, 1998.
*Sospecha y parábolas vacías*
Viajamos a alguna parte
pero no tenemos mapa.
Las líneas de mi palma relucen
como corriente el...
Que seja eterno
-
Mas de nenhum destes modos te sei amar, tão fraco ou inábil é o meu
coração, de modo que, por o meu amor não ser perfeito, tenho de me
contentar que seja e...
Uma Alma Inquieta
-
Eu sabia há três anos que Ela me viria bater à porta a qualquer momento,
mas não sabia como seria informado da sua chegada.
Desde Maio que peço, quase dia...
sem que ele note
-
tão longe vai o tempo em que ele morria em mim. acontecia aos poucos, a
imagem dele a querer fugir do meu peito, ele a ausentar-se lentamente dos
meus ...
Tempo
-
Eu não amava que botassem data na minha existência. A gente usava mais era
encher o tempo. Nossa data maior era o quando. O quando mandava em nós. A
gente ...
É isto o Amor
-
Em quem pensar, agora, senão em ti? Tu, que
me esvaziaste de coisas incertas, e trouxeste a
manhã da minha noite. É verdade que te podia
dizer: «Como é ma...
Pó dos Livros
-
Setembro de 2007, abrimos as portas, e já nessa altura planava sobre nós o
abutre. Nunca passava para cá da linha da porta. No entanto, rondava de
perto...
Burrinho
-
Fui à procura de um caderno para escrever. Volto a ter vontade de
escrever. Não quero, não sou capaz, de escrever frases, textos, quero
apenas apontar as ...
o escritor enquanto cão-guia
-
Grassa, em lusas terras, já há algum tempo, o paradigma do escritor como
«cão-guia». O leitor ou leitora, pitosga ou mesmo ceguinho deverá ser
levado pela ...
tomorrow never comes (III)
-
Tentava escrever
o esboço - vestígio do corpo,
a macia semente do vento
a traço de giz
da cor do barro, da cor da nuvem carvão;
acontecia o espinho, o p...
-
Um corpo sem véu, despojado do barulho do mundo. Apenas o grão da pele para
o vestir. Um corpo nu, imóvel e cheio de estorias caóticas e cicatrizes.
Um co...
Saídas a dois
-
Estava tudo combinado para aquele final de tarde: saía do trabalho direta à
escola, entravamos juntos no carro, sorridentes e enamorados, e seguíamos
para...
-
demasiado depressa o silêncio
de braços inertes
não consigo alcançar-te
ou olhar-te sequer
nem colher a tempo tudo o que devia
(tudo o que julgo que de...
Carta a Paris 16 de Março de 2015
-
16 de Março 2015
10:07
Está frio. O céu, imenso e de um cinza quase branco, leva-me os sentidos e
a minha vontade. Ainda assim decidi ir a Paris, onde te...
1930-2015
-
não chamem logo as funerárias,
cortem-me as veias dos pulsos pra que me saibam bem morto,
medo? só que o sangue vibre ainda na garganta
e qualquer mão e ...
SANTO ANTONINHO DOS ESQUECIDOS
-
* para o José Carlos Soares*
O esquecimento tem portões
fechados e velas a acordar
o crepúsculo enquanto o vento
sop...
-
Vestiu-se de nevoeiro e foi dançar
pés de musgo
mão na anca e outra estendida no ar
gotas de chuva mansa no olhar
um peso leve
acariciando a terra húmida
em...
Espaço : se alguém disser que morri...
-
Robert & Shana Parkeharrison
*se alguém disser que morri, avança até à varanda do céu,*
*escuta a noite e recolhe o meu corpo da espuma dos planetas.*
*nã...
Sem comentários:
Enviar um comentário