sexta-feira, 21 de maio de 2010

diz-me o que de mim amaste









 













desenha com a ponta dos teus dedos
as fronteiras exactas do meu rosto
as rugas, os sinais, a cicatriz que ficou da infância
o lento sulco das lâminas onde no peito
se enterra o mistério do amor
e diz-me o que de mim amaste
noutros corpos, noutras camas, noutra pele
prometo que não choro
mas repete as palavras um dia minhas
que sem querer misturaste nas tuas
e levaste com as chaves de casa e os documentos do carro-
e largaste sobre a mesa com o copo de gin a meio
na primeira madrugada em que me esqueceste





Alice Vieira













2 comentários:

  1. que poema fabuloso!! Amei!! foi um espelho para mim:)

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  2. tão bom que me diga isso Paula, espelhos de mim, é o que por aqui está. é bom saber que alguém se identifica também.

    obrigada por dizer.
    bom fim-de-semana

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