terça-feira, 8 de junho de 2010

fingir que está tudo bem






























Fingir que está tudo bem:
o corpo rasgado e vestido com roupa passada a ferro,
rastos de chamas dentro do corpo,
gritos desesperados sob as conversas.

fingir que está tudo bem:
o sangue a ferver sob a pele igual aos dias antes de tudo,
tempestades de medo nos lábios a sorrir.
olhas-me e só tu sabes:
ferros em brasa, fogo, silêncio
e chuva que não se pode dizer: amor e morte:

fingir que está tudo bem:
ter de sorrir: um oceano que nos queima,
um incêndio que nos afoga.





 


 
José luís Peixoto













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