quinta-feira, 17 de junho de 2010

foi tão bom ficar preso a nenhumas esperanças




























Não hei-de conseguir falar contigo, é sempre
difícil. Uma imagem
cintila de repente e lá estou eu
nesse baile de máscaras - revi-o
mais de dez vezes. Foi tão bom
ficar preso a nenhumas esperanças, sentir
o vento muito frio.

Percorri os desertos, o inverno
era a estação preferida e sobretudo
a noite. Viajava
entre corpos e alma, esse mundo
parecia não ter fim; o seu limite
era como um segredo, um olhar
desafiando a morte enquanto esperava
por novas ilusões.

Um telefonema é fácil de fazer,
podemos encontrar-nos, conversar,
fingir que existe amor ou qualquer outra
invisível certeza, mas não há
lugar algum para fugir-me ainda,
ninguém nas ruas cada vez mais longas,
e mal vislumbro sob o azul da névoa
os fragmentos do meu coração.






 
Fernando Pinto do Amaral














2 comentários:

  1. vamos lá a reagir? a sorrir e a esperar que a vida, numa esquina qualquer vai nos retribuir o sorriso?




    @
    fique bem, Paula...

    seja lá o que for, estou aqui torcendo por si, para que tudo ocorra dentro do seu melhor, proporcional ao tamanho de seu merecimento. porque o Criador é um Pai de amor e como tal só nos deseja o melhor.

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  2. sabe como é, sei que sabe, é cansaço só cansaço.

    obrigada epee, força para aí também nesse inverno.

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