Entrego-te as palavras mais brandas
que entre os meus dedos construí
para alimentar de ti os recantos da casa
invadindo o coração da noite
Entrego-te as palavras com a redonda luz
das maçãs sobre a mesa e o rumor da água
rasgando o caminho da paixão
em horas que já não conseguimos sem ajuda
recordar
mas que habitam a mais frágil memória de nós próprios
Palavras jorrando dos meus olhos
invadindo-te o sono e tropeçando
nas esquinas das frases que decoro
ao longo dos veios da tua pele
E a verdade é que nunca terei outra história
para além da que nos aconteceu
e que ficamos à espera de um dia perceber melhor
porque nunca ninguém se prepara convenientemente
para a chegada do amor
e ele é sempre um convidado estranho
sentado em silêncio na penumbra da sala
olhando os quadros, o chão, o tecto
Como um velho parente da província
com medo de dizer o que não deve
é, é sempre um convidado estranho
ResponderEliminarcom medo de dizer o que não deve...diz ela... eu não acho, acho que fala demais, o convidado...
ResponderEliminartenha um bom dia josé luis
Gosto muito desta Alice, desta outra voz da autora. E obviamente também gosto do poema de hoje... :)
ResponderEliminarobrigada Graça, eu sei :)
ResponderEliminarroubado à descarada...
Não foi roubado, de todo, foi "relido" por outros olhos e ganhou cores diferentes - e uma melodia que lhe assenta lindamente!
ResponderEliminar:) eu entendo Graça, que a poesia ganha outra dimensão se partilhada. Como no tempo, há muito tempo, em que em recantos de matosinhos, tascos, se juntavam pessoas ao fim da noite para recitar poesia, partilhar um fado. Agora é assim, mais solitário, mas na mesma partilhando.
ResponderEliminar(não foi roubado, foi surripiado...obrigada!)