Não me interessa saber o que fazes para ganhar a vida
quero saber o que desejas ardentemente, se ousas sonhar em atender
aquilo pelo qual o teu coração anseia.
Não me interessa saber a tua idade
quero saber se arriscarás parecer um tolo por amor,
por sonhos, pela aventura de estar vivo.
Não me interessa saber que planetas estão em quadratura com a tua lua
quero saber se tocaste o âmago da tua dor,
se as traições da vida te abriram
ou se te tornaste murcho e fechado por medo de mais dor!
Quero saber se podes suportar a dor, minha ou tua;
sem procurar escondê-la, reprimi-la ou narcotizá-la.
quero saber se podes aceitar alegria, minha ou tua,
se podes dançar com abandono e deixar que o êxtase te domine
até às pontas dos dedos das mãos e dos pés,
sem nos dizeres para termos cautela, sermos realistas,
ou nos lembrarmos das limitações de sermos humanos.
Não me interessa se a história que contas é verdade.
quero saber se consegues desapontar outra pessoa
para ser autêntico contigo mesmo,
se podes suportar a acusação de traição e não traíres a tua alma.
Quero saber se podes ver beleza
mesmo que ela não seja bonita todos os dias,
e se podes buscar a origem da tua vida na presença de Deus,
quero saber se podes viver com o fracasso, teu e meu e ainda,
à margem de um lago, gritar para a lua prateada: “Posso!”
Não me interessa onde moras ou quanto dinheiro tens
quero saber se podes levantar-te após uma noite de sofrimento e desespero,
cansado, ferido até aos ossos, e fazer o que tem de ser feito pelos filhos.
Não me interessa saber quem és e como vieste parar aqui
quero saber se ficarás comigo no meio do incêndio
e não te acovardarás.
não me interessa saber onde, o quê, ou com quem estudaste
quero saber o que te sustenta a partir de dentro,
quando tudo o mais se desmorona.
quero saber se consegues ficar sozinho contigo mesmo
e se, realmente,
gostas da companhia que tens nos momentos vazios.
Jean Houston
E eu não sei bem quem és, mas sei quem és em mim...
ResponderEliminarVasco (teu)
"Dispo-me; sei bem a tua história, um fragmento dela colado nas minhas costas, a língua em flor a desenhar-me pétalas no dorso - um beijo que lá ficou, caído, perdido, vermelho. Nítido como um cubo num circulo triangular. O nexo não pode falar, nem uma só palavra azul.
Dispo-me; sei bem os teus segredos - estavam nos ninhos entre os dedos das tuas mãos, o teu peito nas minhas costas, o meu peito nas tuas mãos - perdeste-os na minha pele; suaste-os, regados de paixão enraizaram no meu ventre, cresceram árvores.
Dispo-me; sei bem a tua nudez, esteve no meio de mim, bem dentro do meu corpo, nadou até à exaustão do meu mar - desmaiou na areia da minha praia, de boca salgada, de corpo ainda a ondular. O botão de rosa, largado no meio da jangada, abriu. Era o meu sexo.
Dispo-me; já nem bem sei quem tu és - mas sei quem és em mim - dispo-me para encontrar a tua história, para encontrar os teus segredos, para encontrar a tua nudez; aqui dentro encontro-te perdido - ramificado, ainda assim - dou-te a mão e estás aqui, no cheiro a cores suaves do meu pescoço, amor imperfeito, nova flor."
Joana Well
'... Olharam-se. Maravilharam-se. E o amor era a capacidade de se
ResponderEliminarmaravilharem a cada instante...'
Pepetela
E a mim há coisas que me interessam saber... já te perguntei como é o teu sorriso? Os teus risos?
ResponderEliminarBom dia...
Vasco (teu)
"O teu riso
Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.
Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.
A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.
Meu amor, nos momentos
mais escuros solta
o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.
À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera, amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.
Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria."
Pablo Neruda
O Vasco (teu) não será um senhor chamado Victor Manuel Paulo de Almeida?!
ResponderEliminar(Re)Conheço esta selecção de poemas...esta forma de seduzir mulheres com poesia.
Passei por aqui, por acidente [já agora adorei as tuas escolhas] e para meu espanto deparo-me com o famoso Victor.
Não sei se se chamava isso, confundi os nomes, para mim ficou Vasco, como podia ficar Luis.
ResponderEliminarEra um género diálogo, de poesia à desgarrada, mas de passagem, nada mais.
Obrigada pela visita, também estou aqui só de passagem.
parece que o engatatão da net arranjou outro blog pra andar seduzindo mulheres. o modo de operar e o mesmo poema bonito muito carinho beijos todos os dias...grande tarado esse victor...agora ate mudou de nome
ResponderEliminarSabe, eu acho que hoje em dia toda a gente está informada sobre os perigos da Internet. è possível que alguém mais só ou carente se deixe envolver com certos tipos de comportamentos.
ResponderEliminarA mim, o Victor ou Vasco, não me fez mal nenhum, não o conheci nem senti falta disso. Revelou-me sim alguma poesia de que gostei. Nem toda, mas grande parte. Além de que era para mim, uma espécie de poesia à desgarrada...era um 'diálogo' engraçado, nada mais.
Espero sinceramente que não ande por aí a magoar ninguem e que ninguem se deixe magoar.