Há na intimidade um limiar sagrado,
encantamento e paixão não o podem transpor -
mesmo que no silêncio assustador
se fundam os lábios e o coração se rasgue de amor.
Onde a amizade nada pode
nem os anos da felicidade mais sublime e ardente,
onde a alma é livre, e se torna estranha
à vagarosa volúpia e seu langor lento.
Quem corre para o limiar é louco,
e quem o alcançar é ferido de aflição.
Agora compreendes porque já não bate,
sob a tua mão em concha, o meu coração.
Anna Akhmátova
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